3 perguntas de ESG para Adriano Silva, do Projeto Draft
Fundador da plataforma que acompanha a nova economia diz que ESG está intimamente ligado à inovação e explica por que criou um novo portal dedicado à sigla
Bússola
Publicado em 2 de dezembro de 2021 às 09h30.
Por Renato Krausz
Você acompanha a inovação no setor privado há muito tempo. Acha que o boom do ESG turbinou a busca por soluções disruptivas nas empresas?
Sim, definitivamente. Temos coberto muito de perto, desde 2014, com o Projeto Draft, o ecossistema de inovação brasileiro. Este é um interesse que veio para ficar. Porque se trata de uma necessidade – as empresas não investem em inovação porque acham isso bonito, mas porque precisam. Da mesma forma, a ressurgência das preocupações com sustentabilidade, agora com os compromissos expressos sob o guarda-chuva ESG, também veio para ficar.
Nenhuma empresa conseguirá crescer, ou mesmo se manter no mercado, se não rever de modo autêntico sua ética de negócios, se não redesenhar de verdade o modo como se relaciona com o ambiente e com as pessoas, e o modo como toca a sua governança como organização.
E a inovação é fundamental nesse processo de reinvenção das suas práticas. Estamos falando do innovability – a inovação que serve à sustentabilidade. É isso que buscamos cobrir todo dia em NetZero – as melhores práticas em innovability em curso no Brasil.
Como avalia a cobertura de ESG hoje no Brasil e por que o Projeto Draft criou uma plataforma dedicada a isso, o NetZero?
ESG é um tema que se impôs no ambiente de negócios no Brasil e no mundo. E o jornalismo de negócios no Brasil tem acompanhado esse movimento. Mas fazia falta uma plataforma editorial 100% dedicada a cobrir como as empresas brasileiras estão se movimentando dentro da pauta ESG.
NetZero surge para ser esse ponto de encontro para os líderes da comunidade ESG brasileira. Uma referência editorial para quem deseja conhecer, divulgar e compartilhar as melhores práticas em innovability em desenvolvimento no país. Não fazemos jornalismo ambiental, nem ativismo ecológico – fazemos jornalismo de negócios olhando para as empresas com as lentes ESG.
E como está a estratégia de sustentabilidade do próprio Projeto Draft?
Há pelo menos três movimentos que acontecem de modo muito natural para nós já há muito tempo. Primeiro, somos uma empresa virtual há quase uma década. Uma organização líquida, que trabalha em rede, de modo remoto. Com isso valorizamos o tempo das pessoas e evitamos um bocado de emissões desnecessárias. Depois, procuramos ser uma empresa diversa.
Tentamos aliar a busca por resultados e o respeito às competências individuais a uma ausência de preconceitos na hora de contratar. Como resultado, somos uma empresa em que a maioria dos colaboradores, inclusive em cargos de liderança, é de mulheres, e com muitos profissionais sêniores.
Por fim, só para citar três aspectos, temos uma política bastante agressiva de compartilhamento dos resultados das empresas com as pessoas que colaboraram para que eles acontecessem. Boa parte dos talentos não tem um teto de ganhos – a empresa cresce e eles crescem juntos.