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Zona norte do Rio sai de cena e tiroteios agora migram ao oeste

Dos cinco bairros com mais ocorrências, três ficam nessa região, um na zona sul e só um na zona norte.

Intervenção do Exército no Rio de Janeiro em 2018 (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Intervenção do Exército no Rio de Janeiro em 2018 (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de fevereiro de 2018 às 08h23.

Rio - O número de tiroteios no Rio de Janeiro, nos dois primeiros meses de 2018, é praticamente igual ao registrado no mesmo período de 2017, mas a região da cidade que concentra o maior número de confrontos mudou.

Enquanto no ano passado três bairros da zona norte figuravam entre os cinco com mais tiroteios e somavam 65% do total, agora conflitos se tornaram muito mais frequentes na zona oeste, que concentra 70% do total. Dos cinco bairros com mais ocorrências, três ficam nessa região, um na zona sul e só um na zona norte.

Os dados são do aplicativo Onde Tem Tiroteio (OTT), que desde 2016 registra os confrontos no Estado do Rio, com a ajuda de mais de 1 milhão de usuários cadastrados.

Segundo o OTT, de 1.º de janeiro até as 13 horas de 23 de fevereiro foram relatados 795 casos em todo Estado, cinco a menos do que no mesmo período de 2017.

O aplicativo alerta que, durante o carnaval, o número de tiroteios historicamente diminui. Mas a principal constatação é de que mudaram de lugar. Palco de disputas entre facções criminosas, o Complexo do Alemão era o bairro com mais tiroteios nos primeiros 54 dias de 2017, com 6,9% de um total de 800.

No mesmo período de 2018 foram registradas 19 trocas de tiros (2,4% do total e queda de 65,5% em relação a 2017). A vizinha Penha, outro foco de violência, registrou 25 tiroteios nesse período; em 2018 foi palco de 11, saindo da lista dos dez bairros com mais ocorrências.

Outros três bairros da zona norte que figuravam entre os dez com mais tiroteios em 2017 saíram da lista deste ano. Lins de Vasconcelos, em terceiro lugar em 2017, com 35, registrou 10 em 2018; Manguinhos, o quarto com mais conflitos, com 27, teve apenas 4 ocorrências em 2018; e o complexo da Maré, oitavo em 2017, com 21 tiroteios, registrou 13 em 2018.

Neste ano, a liderança está com a Cidade de Deus, outro palco histórico de conflitos, na zona oeste, com 64 (8% do total de 795). O problema se agravou neste bimestre e um dos dias mais tumultuados foi 31 de janeiro.

Em uma operação, a polícia matou um acusado de ser o segundo principal chefe do tráfico no bairro, e os confrontos com a PM se estenderam por todo o dia.

O trânsito na Linha Amarela, via expressa que margeia a Cidade de Deus, foi interrompido e os motoristas tiveram de fugir pela contramão ou abandonar seus veículos.

A Praça Seca, na mesma região, é vice-líder com 46 tiroteios, que se concentram em duas favelas, Bateau Mouche e Chacrinha, ambas dominadas por milicianos que mandam em outras 14 comunidades na área.

Em dezembro, dois supostos líderes se desentenderam e passaram a disputar o domínio das duas favelas. A situação ficou menos tensa depois que um deles foi preso, em 4 de fevereiro.

Rocinha

A Rocinha é o único bairro da zona sul a figurar entre os dez com mais tiroteios. Terceira colocada, a comunidade soma 34 ocorrências.

Desde setembro, a região sofre com uma disputa entre traficantes que romperam uma antiga parceria. Em 2017, não havia ocorrido nenhuma troca de tiros até fevereiro - e só dois foram registrados até setembro.

Na zona norte, o Jacarezinho é o bairro com mais tiroteios em 2018, figurando em quinto lugar, com 24 registros. No mesmo período de 2017 havia registrado 19.

Neste ano, as ocorrências se tornaram mais frequentes a partir de 12 de janeiro, quando um delegado foi morto dentro da favela. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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