Zona Azul só digital tem problemas no primeiro dia
Muitos não sabiam da migração total para a Zona Azul digital e acabaram pagando o dobro do preço tabelado
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de dezembro de 2016 às 08h37.
São Paulo - A comerciante Saira Ramos, de 37 anos, deu sorte nesta segunda-feira, 5. Encontrou uma vaga a poucos metros da entrada do Mercadão, no centro da capital paulista, região comercial, com alta procura por vagas.
Estacionou o carro e logo foi abordada por um flanelinha, que informou, com a máquina da Zona Azul Digital na mão: "É R$ 10, R$ 5 da maquininha e R$ 5 meus."
No primeiro dia em que o talão da Zona Azul deixou de ter validade e o serviço passou a ser 100% digital, a comerciante pagou o dobro do preço tabelado.
Após ter adiado em 15 dias o fim da validade dos bilhetes, a Prefeitura de São Paulo decidiu iniciar ontem a operação somente com o modelo digital, via aplicativo.
No primeiro dia da medida, muitos motoristas não haviam feito o download do aplicativo e recorreram aos pontos de venda para comprar créditos.
Houve falha no sistema por mais de duas horas nas cabines oficiais do Mercadão. O problema na internet confundiu e irritou usuários, que correram para pontos de venda no entorno.
A aposentada Luci de Souza, de 58 anos, também correu, mas para renovar o período de Zona Azul e conseguir fazer as compras que gostaria nas lojas da 25 de Março com a tranquilidade de não ser multada.
Ela chegou ao meio-dia, sem o aplicativo no celular, pois não sabia do fim da validade. Mas foi informada pelo flanelinha ao estacionar o veículo. "Vou dar uns R$ 2 de caixinha quando for buscar o carro, para não ter problemas."
Luci foi até uma banca de revistas e comprou um cartão de duas horas. Às 14 horas, teve de interromper as compras e retornar ao mesmo local para pagar um período de mais duas.
"Acho até melhor que seja assim porque é um preço justo. A gente sabe que antes, com o talão, os valores eram muito diferentes. Não tinha um padrão."
Pacote
Há dez empresas operando os aplicativos e outras 16 em análise. Já nos postos de venda atuam cinco empresas e existem outras sete em análise.
O tempo do cartão poderá ser de 30 minutos, 1 hora, 2 horas ou 3 horas. Também há a possibilidade de comprar um pacote de créditos com desconto: dez cartões digitais custam R$ 45.
Em nota oficial enviada ontem, a CET confirmou o problema no sistema das cabines do Mercadão e informou que o problema já foi regularizado. A Companhia não apresentou o balanço de multas aplicadas no primeiro dia do novo modelo.
Cobrança fracionada
O secretário de Transportes, Jilmar Tatto, disse nesta segunda-feira que o fim da Zona Azul de papel tem o objetivo de combater fraudes, que no ano passado somaram cerca de R$ 50 milhões.
O valor representa quase a metade do total arrecadado em 2015 por estacionamento rotativo. Dos talões entregues na sede da CET, por motoristas que foram solicitar reembolso, 17% eram falsos.
Segundo o secretário, o novo sistema digital permitirá, até o fim de fevereiro de 2017, a cobrança fracionada da Zona Azul (por 15 minutos) e a informação via aplicativo sobre o local onde há vagas, nos moldes do que é feito no estacionamento de shoppings.
Também será possível, conforme Tatto, que o motorista reserve uma vaga antes de sair de casa - a ideia é que seja cobrada uma taxa pela facilidade.
A tecnologia do sistema também permitirá que, nas próximas gestões, a Prefeitura eleve ou reduza o preço da hora em determinadas regiões com maior demanda, como em dias de grandes eventos no Município.
Outra estratégia da Prefeitura para evitar fraudes no novo modelo é permitir o cadastro de três placas por IMEI (número único que identifica cada aparelho de telefone celular).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.