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Zelada teve 15 encontros oficiais com lobista do PMDB

Reuniões entre ex-diretor da Petrobras, réu da Lava Jato, e lobista operador de propinas do PMDB aconteceram entre 2003 e 2008


	Jorge Luiz Zelada sucedeu Nestor Cerveró na diretoria Internacional da Petrobras, mas acabou sendo preso também
 (José Cruz/ Agência Brasil)

Jorge Luiz Zelada sucedeu Nestor Cerveró na diretoria Internacional da Petrobras, mas acabou sendo preso também (José Cruz/ Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2015 às 21h21.

São Paulo e Curitiba - O ex-diretor de Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada, que virou réu por corrupção em processo criminal da Operação Lava Jato, encontrou-se 16 vezes com o lobista João Augusto Rezende Henriques, apontado como operador de propinas do PMDB. As reuniões ocorreram no período de 2003 a 2008.

A Lava Jato revela que na contratação do navio-sonda Titanium Explorer a propina acertada era de US$ 31 milhões, dos quais US$ 20,8 milhões teriam sido efetivamente pagos. A cota do PMDB, afirma a Procuradoria da República, chegou a US$ 10 milhões, em 2009.

Zelada sucedeu Nestor Cerveró na diretoria Internacional da estatal. Cerveró foi preso em janeiro por suposto recebimento de propinas. Zelada também está preso.

Nesta segunda-feira, 10, o juiz federal Sérgio Moro recebeu a denúncia contra Zelada e mais cinco investigados na contratação do navio-sonda.

O Ministério Público Federal constatou que João Henriques foi executivo da Petrobras, de onde saiu para exercer a atividade de lobista.

A Procuradoria da República registrou na denúncia contra Zelada e João Henriques um total de dezesseis encontros marcados. Ao apontar as datas são anotadas quinze reuniões.

"A análise da agenda funcional de Jorge Luiz Zelada revela que foram marcados dezesseis encontros oficiais entre o lobista e ex-empregado da Petrobras no período de 18 de agosto de 2003 a 11 de dezembro de 2008", registra a denúncia do Ministério Público Federal contra Zelada, Henriques e outros quatro réus, entre eles o delator Hamylton Padilha.

Nos autos da Lava Jato, Henriques "afirmou que conheceu Jorge Luiz Zelada na época em que trabalhou na Petrobras (anos 90) e que manteve neste período relações de amizade com o ex-diretor da área Internacional".

Por sua vez, Hamylton Padilha, novo delator da Lava Jato, atuava como lobista e operador de propinas de empresas multinacionais.

Padilha relatou que no final de 2008 passou a atuar para a Vantage Drilling nas negociações com a área Internacional e que foi procurado por outro lobista, Raul Schmidt Felippe Junior, para pagamento de propinas a agentes da estatal no fechamento do negócio - o fornecimento do navio-sonda Titanium Explorer pelo valor de US$ 1.816.000,00.

"Na conversa, Raul Schmidt Felippe Junior informou a Hamylton Padilha que nesta negociação o interlocutor direto sobre o tema de propina seria João Augusto Rezende Henriques, ex-funcionário da Petrobras e conhecido como um lobista ligado ao PMDB, partido que dava sustentação política para Zezada permanecer no cargo", informam os procuradores da Lava Jato.

"Caberia a João Augusto Rezende Henriques realizar o pagamento da vantagem indevida em favor do PMDB, enquanto Hamylton Padilha se encarregaria de pagar a parte da propina destinada a Eduardo Musa (ex-gerente da estatal) e Raul Junior.

Este, por sua vez, transferiria a parte da propina devida a Jorge Zelada", assinala o Ministério Público Federal Rastros do dinheiro.

"O pagamento de vantagem indevida destinada ao partido PMDB ocorreu por intermédio do lobista João Augusto Rezende Henriques", informa a Lava Jato.

Foram US$ 15,5 milhões acordados mediante um contrato de "Comission Agreement" pela empresa chinesa que forneceu o navio-sonda e era representada por Hamylton Padilha.

No total, o MPF aponta o acerto de US$ 31 milhões em propina por conta do contrato do navio Titanium Explorer, no entanto o pagamento efetivado foi de US$ 20,8 milhões.

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