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Youssef diz que operou R$ 28 mi da OAS fora da Petrobras

Em delação, Alberto Youssef diz que movimentou cerca de R$ 28 milhões do que chamou de "caixa 2" da empreiteira OAS entre janeiro de 2013 e janeiro de 2014


	O doleiro Alberto Youssef é escoltado: Youssef admitiu que operava o caixa paralelo da OAS e de outras empreiteiras, recebendo 3% de cada operação
 (Rodolfo Buhrer/Reuters)

O doleiro Alberto Youssef é escoltado: Youssef admitiu que operava o caixa paralelo da OAS e de outras empreiteiras, recebendo 3% de cada operação (Rodolfo Buhrer/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2015 às 18h38.

São Paulo - O doleiro Alberto Youssef movimentou cerca de R$ 28 milhões do que chamou de "caixa 2" da empreiteira OAS entre janeiro de 2013 e janeiro de 2014.

Em sua delação premiada, Youssef afirmou que esses recursos foram movimentados à parte do esquema de desvios na Petrobras.

A quantia registrada consta de planilha apreendida na sétima etapa da operação, realizada em novembro do ano passado, quando foram presos executivos de construtoras acusadas de integrar um cartel que atuava na estatal.

Na planilha apreendida estão indicados valores, datas e os locais para onde o doleiro enviava ou até mesmo buscava dinheiro em espécie.

Youssef admitiu que operava o caixa paralelo da OAS e de outras empreiteiras, recebendo 3% de cada operação. Ao ser confrontado com a planilha de pagamentos, confirmou que algumas das siglas fazem referência a sedes da construtora e endereços residenciais em diferentes Estados para onde ele ou pessoas indicadas levaram dinheiro.

O doleiro ressaltou, contudo, que "pelo que sabe" essas movimentações irregulares não têm relação com a estatal petrolífera.

Em seu depoimento, Youssef explica que os valores entre parênteses na planilha indicam a "saída" de dinheiro da contabilidade paralela, isto é, a entrega de dinheiro em espécie, e os demais valores indicam a entrada de receita.

Levantamento feito pelo jornal O Estado de S.Paulo, considerando apenas os valores de entrada, mostra que a contabilidade paralela da OAS operada pelo doleiro recebeu durante todo ano de 2013 e até 15 de janeiro de 2014, R$ 28 milhões, dos quais ao menos R$ 23 milhões "saíram", ou seja foram entregues em diferentes regiões do País.

"Vista da referida planilha, esclarece que pode identificar valores entregues na sede da OAS, o que é representado pela sigla ‘SP’; que a sigla RJ representa valores entregues pelo policial Jayme ‘Careca’ (Jayme Alves de Oliveira, um dos 'mulas' do doleiro e também réu na Lava Jato) junto a sede da empresa na capital fluminense", detalha Youssef em sua delação.

Ainda segundo o delator, "a sigla POA refere-se a entrega de valores junto ao estádio do Grêmio Futebol Porto Alegrense onde a OAS mantinha um escritório e onde entregou R$ 66.000 e R$ 500.000". A sigla, que aparece várias vezes na planilha, também faz referência a um "endereço residencial", segundo o doleiro.

Youssef confirmou que seus carregadores de dinheiro também fizeram entregas em Minas Gerais, Salvador (BA), Maceió (AL), Natal (RN) e Recife (PE). O delator explicou que "dentre os locais de entrega existiam endereços de destinatários desses recursos, e não de sedes da OAS".

O doleiro explicou em sua delação que a planilha foi elaborada por "José Ricardo, diretor ou gerente da empresa OAS ligado a área financeira e a fim de estabelecer um controle sobre os recursos movimentados pelo declarante". O executivo da OAS José Ricardo Nogueira Breghirolli foi preso na Lava Jato e é réu na ação penal contra ele e outros cinco dirigentes da empreiteira. Procurada, a OAS afirmou por meio de nota que "nega veementemente" as acusações de Youssef.

Operação

Na delação Youssef também explica como funcionava o esquema de lavagem de dinheiro no exterior que permitia a ele trazer os recursos ao Brasil.

Ele admite que operava valores para OAS e outras empresas utilizando as contas da companhia Santa Tereza Services no banco suíço PKB, que ficam em nome de João Procópio, operador de contas de Youssef e réu na Lava Jato.

Por meio dessa conta, Youssef repassava a quantia para contas de outros operadores, como Leonardo Meirelles, apontado como testa de ferro do doleiro, que traziam o dinheiro de forma ilícita ao Brasil para que Youssef distribuísse nos endereços indicados pela OAS.

O doleiro afirmou ainda que cobrava 3% do valor dos depósitos para trazer o dinheiro ao Brasil e entregar "em quaisquer lugares que fossem determinados pela empreiteira", no País.

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