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Walter Faria, do Grupo Petrópolis, é denunciado por 12 crimes de lavagem

Empresário está preso desde 5 de agosto, quando se entregou à Polícia Federal do Paraná, para cumprir ordem de prisão preventiva

 (Grupo Petrópolis/Divulgação)

(Grupo Petrópolis/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de setembro de 2019 às 17h06.

Última atualização em 4 de setembro de 2019 às 17h07.

A força-tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal no Paraná denunciou o empresário Walter Faria, do Grupo Petrópolis, e também Vanuê Antônio da Silva Faria, sobrinho de Walter, e Nelson de Oliveira por 12 crimes de lavagem de dinheiro, após supostamente terem recebido de operadores financeiros, entre 2006 e 2007, US$ 3.686.869,21 em contas secretas mantidas na Suíça.

Walter Faria está preso desde 5 de agosto, quando se entregou à Polícia Federal do Paraná, para cumprir ordem de prisão preventiva em uma outra investigação, na Operação Rock City, fase 62 da Lava Jato que atribui à cervejaria esquema de lavagem R$ 329 milhões para a Odebrecht.

Apontado pelos investigadores como "grande operador de propina" do esquema Odebrecht instalado na Petrobras, Walter também está com os bens bloqueados no valor de até R$ 1,3 bilhão - montante que ele próprio admitiu manter no exterior.

Nessa investigação, Vanuê Faria, sobrinho do dono do Grupo Petrópolis, admitiu, em depoimento à Polícia Federal, que a cervejaria gerou dinheiro em espécie, como se fosse um "banco", para a Odebrecht, mediante pagamentos no exterior.

Os fatos relativos à primeira denúncia contra o empresário por 12 crimes de lavagem de dinheiro são desdobramentos dos crimes já apurados na ação penal em que foram condenados o ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e os lobistas Julio Camargo e Fernando Soares, o "Fernando Baiano" e na ação em que foram condenados os funcionários da petrolífera Luís Carlos Moreira da Silva e Demargo Epifânio, além dos operadores do MDB Jorge Luz e Bruno Luz.

A contratação da construção do navio-sonda Petrobrás 10.000 pelo estaleiro coreano Samsung ocorreu ao custo de US$ 586 milhões entre 2006 e 2008, destaca a Lava Jato.

"Na ocasião, Jorge Luz e Bruno Luz atuaram junto a Fernando Soares e Julio Camargo, e ao ex-diretor Nestor Cerveró para operacionalização do pagamento de propina de US$ 15 milhões", sustentam os procuradores da força-tarefa.

A nova denúncia está centrada em etapa da lavagem de dinheiro transnacional decorrente da corrupção nessa contratação, alegam os procuradores.

Segundo a denúncia, documentos bancários obtidos na investigação comprovaram o recebimento de recursos milionários, sem causa econômica legítima, em contas no exterior controladas e movimentadas pelos acusados.

Os valores remetidos pelos operadores financeiros, já condenados na Operação Lava Jato, "usualmente se direcionavam aos funcionários da Petrobras, como Nestor Cerveró, e aos agentes responsáveis pela sua sustentação política nos cargos".

Para oferecer a denúncia, os procuradores utilizaram de provas colhidas durante a investigação, inclusive depoimentos e documentos obtidos no âmbito de delação premiada, quebras de sigilo bancário e fiscal, relatório de Comissão Interna de Apuração da Petrobras e rastreamento de contas ocultas no exterior, que foram obtidas mediante cooperação jurídica internacional.

Defesa

A assessoria de imprensa do Grupo Petrópolis afirma que "todos os esclarecimentos solicitados já foram prestados aos órgãos competentes, em diversas ocasiões".

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