Brasil

Voto útil desbanca Amoêdo entre a comunidade financeira

Segundo a última pesquisa do Ibope, Amoêdo está tecnicamente empatado com três outros em sexto lugar

Amoêdo: para muitos, votar nele é desperdiçar voto (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Amoêdo: para muitos, votar nele é desperdiçar voto (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 13 de setembro de 2018 às 15h18.

Última atualização em 13 de setembro de 2018 às 17h09.

O candidato mais rico da corrida presidencial tem apoio de sobra entre a comunidade financeira. O que falta é voto.

João Amoêdo, do Partido Novo, é o político dos sonhos de muitos investidores. Após fazer carreira no Itaú Unibanco e no Citigroup, ele defende privatizar a Petrobras e bancos estatais e apoia mudanças na legislação trabalhista e previdenciária para sanar as contas públicas. Aos 55 anos, ele tem a retaguarda de Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central idolatrado por muitos por seus esforços para resgatar a economia após a crise cambial da década de 1990.

Mas como as pesquisas de opinião não indicam que ele terá qualquer chance de chegar ao segundo turno, seus fãs consideram votar em outros candidatos. O raciocínio de muitos profissionais do mercado financeiro é que o pior desfecho possível seria a volta do Partido dos Trabalhadores. Por isso, estão dispostos a votar em candidatos dos quais discordam, mas têm maior chance de vitória no segundo turno.

“Amoêdo está fazendo muito bem a campanha e com certeza passará de coadjuvante a um dos principais candidatos na próxima eleição", disse Paulo Petrassi, sócio da Leme Investimentos, em Florianópolis. “Só não voto nele justamente por tirar voto do Alckmin, aumentando a chance de a esquerda ganhar.”

Segundo a última pesquisa do Ibope, Amoêdo está tecnicamente empatado com três outros em sexto lugar, com 3 por cento das intenções de voto para o primeiro turno, em 7 de outubro. Alckmin, ex-governador de São Paulo que também defende medidas para sanar as contas públicas, está tecnicamente empatado em terceiro lugar, com 9 por cento. Jair Bolsonaro lidera a corrida presidencial e tem o apoio de alguns profissionais do mercado que temem a volta da esquerda ao poder.

Amoêdo mantém seguidores na comunidade financeira, como Ricardo Lacerda, sócio e presidente da BR Partners. O Partido Novo foi fundado em 2011 e não usa dinheiro público, sendo sustentado somente por doações.

Amoêdo se define como liberal clássico politicamente. Ele afirma que restaurar as contas públicas deve ser prioridade no próximo governo e um passo fundamental para a recuperação do grau de investimento. Ele é bastante conservador em temas sociais e se posiciona a favor da criminalização do aborto e da flexibilização nas regras de porte de armas.

“Vamos combater a pobreza gerando riqueza, não distribuindo”, declarou Amoêdo durante um evento em São Paulo, no mês passado. “E o capitalismo é a melhor forma de fazer isso.”

O capitalismo certamente funcionou para Amoêdo, que tem patrimônio declarado de R$ 425 milhões, incluindo apartamentos, joias e um iate.

A comunidade financeira gosta de Amoêdo “por causa do background dele, pelo fato de ele ter sido banqueiro, de ter conhecimento sobre o mercado”, disse Fernando Mazzanti, operador de câmbio da INTL FCStone, em Nova York. “Infelizmente, o que eu tenho ouvido é que, embora ele pareça ser um bom candidato, votar nele é desperdiçar o voto porque as chances dele são muito baixas.”

Acompanhe tudo sobre:Eleições 2018João AmoêdoPartido NovoPartidos políticos

Mais de Brasil

Datafolha: 51% dos brasileiros afirmam ter mais medo da polícia do que confiança nela

Número de mortes em acidentes aéreos aumenta 92% em 2024 e é o maior dos últimos 10 anos

Previsão do tempo: temporais atingem RJ, SP e MG; Norte, Sul e Centro-Oeste terão chuva fraca

Queda de avião em Gramado: empresas prestam homenagens a Luiz Galeazzi