Votar ainda é um desafio para alguns eleitores do Acre
Milhares de pessoas se veem obrigadas a cada eleição a realizar longos percursos para exercer seu direito a voto, principalmente no norte do país
Da Redação
Publicado em 6 de outubro de 2014 às 08h58.
Rio Branco - Edilenza caminhou três horas, chegou pontualmente às 8h em sua sessão eleitoral, mas não conseguiu votar.
Retornou a sua casa pouco depois das 11h para preparar o almoço para seu marido e fez todo o caminho de volta até o colégio eleitoral.
"Voto porque é obrigatório. Mas é um peso", afirmou.
Com a pele curtida pelo sol, Gilson Taliste, de 49 anos, também reflete cansaço depois de mais de duas horas esperando na sessão eleitoral do bairro 6 de agosto, um dos mais pobres de Rio Branco, capital do Acre .
"A única coisa que se pode fazer é apoiar uma perna na parede, e depois outra. E assim vai passando o tempo", conta o agricultor, que demorou duas horas de ônibus para percorrer os 110 quilômetros que separam sua casa do local de votação.
Como Edilenza e Gilson, milhares de pessoas em todo o Brasil se veem obrigadas a cada eleição a realizar longos percursos para exercer seu direito a voto, principalmente no norte do país, onde a infraestrutura de transporte é precária e muitas vezes inexistente.
Para eles, as condições pioraram ainda mais este ano porque o sistema biométrico de identificação de eleitores sofreu problemas técnicos; aumentou o tempo de espera, e levou muitos brasileiros a condenar firmemente o voto obrigatório.
"Acho que é uma covardia que o voto seja obrigatório. Cada pessoa teria que poder decidir", comenta Izaquiel Cunha da Silva, de 30 anos, enquanto duas mulheres que estão atrás dele na fila concordam com a cabeça, repetindo suas palavras.
Com 35 graus em Rio Branco, cerca de 500 pessoas tentam escapar do sol da tarde e buscam refúgio sob a marquise do colégio, enquanto os funcionários conferem os documentos nas diversas salas do prédio.
Em outra das sessões eleitorais da capital acreana, situada no parque ecológico Capitão Ciríaco, as filas e o aborrecimento dos eleitores se repete entre árvores de seringueira.
"Nunca mais vou votar. Da próxima vez pago uma multa. Mas não voto", reclama Adansinete Álvez, acompanhada por seus dois filhos.
A poucos metros do colégio eleitoral, José Francisco descansa no pátio de sua casa, construída em madeira e onde tem um pequeno palanque para as brigas de galos que ele mesmo cria. Ele já votou, e votará sempre - diz - "seja obrigatório, ou não".
Proveniente de uma família de seringueiros, José Francisco conta que suas filhas, fruto do casamento com sua ex-mulher, são parentes do líder ecologista assassinado Chico Mendes, defensor da floresta amazônica e de seus habitantes.
"A causa de Chico Mendes foi muito relevante e tem que continuar", ressalta, apelando para a importância do voto.
José Francisco conta que neste domingo votou na candidata do PSB Marina Silva , filha de seringueiros e companheira de luta de Chico Mendes em sua juventude, embora tenha reconhecido que, em nível regional, continue apostando no PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Luiz Fernando Pezão (PMDB): 40,57% dos votos válidos |
Marcelo Crivella: 20,26% dos votos válidos |
José Ivo Sartori (PMDB) : 40,40% dos votos válidos |
Tarso Genro (PT): 32,57% dos votos válidos |
Rodrigo Rollemberg (PSB): 45,23% dos votos válidos |
Jofran Frejat (PR) : 27,97% dos votos válidos |
Marconi Perillo (PSDB) : 45,86% dos votos válidos |
Iris Rezende (PMDB) : 28,40% dos votos válidos |
Delcídio Amaral (PT): 42,92% dos votos válidos |
Reinaldo Azambuja (PSDB): 39,09% dos votos válidos |
José Melo (PROS) : 43,04% dos votos válidos |
Eduardo Braga (PMDB) : 43,15% dos votos válidos |
Cássio Cunha Lima (PSDB) : 47,45% dos votos válidos |
Ricardo Coutinho (PSB) : 46,04% dos votos válidos |
Waldez Góes (PDT): 42,15% dos votos válidos |
Camilo Capiberibe (PSB): 27,54% dos votos válidos |
Camilo Santana (PT): 47,78% dos votos válidos |
Eunício Oliveira (PMDB): 46,41% dos votos válidos |
Henrique Alves (PMDB): 47,28% dos votos válidos |
Robinson Faria (PSD): 42,10% dos votos válidos |
Confúcio Moura (PMDB): 35,86% dos votos válidos |
Expedito Júnior (PSDB): 35,43% dos votos válidos |
Suely Campos (PP): 38,51% |
Chico Rodrigues (PSB): 34,93% |