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Qual é a chance de Bolsonaro ser eleito já no primeiro turno?

É possível, mas improvável que o candidato do PSL já saia vitorioso no domingo. Ele precisaria ganhar 12 pontos percentuais em três dias

Bolsonaro: é muito provável que o capitão tenha de enfrentar Haddad no segundo turno (Rodolfo Buhrer/Reuters)

Bolsonaro: é muito provável que o capitão tenha de enfrentar Haddad no segundo turno (Rodolfo Buhrer/Reuters)

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Clara Cerioni

Publicado em 4 de outubro de 2018 às 16h46.

Última atualização em 4 de outubro de 2018 às 19h46.

São Paulo — O candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, tem registrado avanços nas recentes pesquisas de intenção de voto, divulgadas na semana que antecede a eleição deste domingo (7).

Nas mais recentes pesquisas Datafolha e Ibope, o pesselista aparece em ambas com 38% dos votos válidos, que exclui brancos, nulos e indecisos. Haddad tem 28%.

Para ganhar no primeiro turno, bandeira que Bolsonaro tem levantado com frequência, ele precisaria superar 50% dos votos válidos. Os números atuais mostram que isso é até possível, mas improvável.

consultoria de risco político Eurasia Group atribui uma probabilidade de 80% de que aconteça um segundo turno; a Prospectiva Consultoria também prevê uma segunda rodada.

De acordo com o Datafolha, para ser eleito já no domingo, Bolsonaro precisaria arrancar ao menos 12 pontos percentuais em três dias. Isso significa 17 milhões de eleitores, equivalente a 12% do eleitorado apto a votar, que é de 147 milhões de pessoas.

Essa probabilidade leva em consideração que o número de votos em branco/nulo tem diminuído gradativamente — começou em agosto com 22% e registrou no último levantamento 8%.

Além disso, ainda há uma parcela de 5% do eleitorado que está indecisa e pode escolher seu candidato até o dia da votação.

Efetivamente, esse cenário só seria possível se todos os eleitores de Ciro Gomes (PDT), por exemplo, que está com 12%, migrassem seus votos diretamente a Bolsonaro; ou se os eleitores de Marina Silva (Rede), João Amoêdo (Novo), Álvaro Dias (Podemos) e Henrique Meirelles (MDB) decidissem votar em Bolsonaro.

Isso é bastante improvável já que parte do eleitorado de Ciro e Marina também é fiel, de acordo com o Datafolha, e não pretende mudar de voto.

Em 2014, cinco dias antes do primeiro turno, a candidata Dilma Rousseff registrava 40% das intenções de votos válidos na pesquisa Datafolha. Mesmo assim, no pleito daquele ano, ela disputou o segundo turno com candidato do PSDB, Aécio Neves.

Para sair vitorioso na primeira rodada de votações, o candidato do PSL precisaria dar uma arrancada maior do que a de João Doria (PSDB) nas eleições para prefeito de 2016.

Na época, o feito de Doria foi considerado histórico. Mas, pouco antes da eleição, as pesquisas mostravam o candidato com 44% dos votos válidos — seis pontos percentuais a mais do que tem hoje Bolsonaro.

Além disso, apenas 17% dos eleitores paulistanos diziam na época que não votariam em Doria de jeito nenhum. É a chamada taxa de rejeição, que é de 45% no caso de Bolsonaro.

A última vez em que um presidente foi eleito em primeiro turno no Brasil foi em 1998, quando Fernando Henrique Cardoso teve 53% dos votos válidos.

PT teme derrota em 1º turno

O aumento da rejeição de Fernando Haddad (PT) nas últimas pesquisas tem deixado os militantes do Partido dos Trabalhadores temerosos com uma possível derrota logo na primeira rodada.

Segundo os integrantes do partido, o diagnóstico de que uma onda de notícias falsas direcionada ao eleitorado evangélico de baixa renda é o maior motivo para o aumento da rejeição ao candidato. Para setores importantes do PT, a campanha falhou ao subestimar o potencial de estrago das fake news.

Após focar na popularização do nome de Haddad e sua associação com Lula, a campanha do PT já está voltando seu foco para atacar Bolsonaro. Um vídeo publicado pelo PT nas redes sociais nesta quinta-feira (04) faz uma série de comparações do deputado com Adolf Hitler.

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