Violência no trabalho atinge quase 60% dos médicos em São Paulo
A maioria das pessoas agredidas (74,2%, dos médicos; e 64,9% dos profissionais de enfermagem) não apresentou denúncia
Agência Brasil
Publicado em 15 de março de 2017 às 15h18.
Pesquisa com trabalhadores da saúde no estado de São Paulo indica que 59,7% dos médicos e 54,7% dos profissionais de enfermagem sofreram, por mais de uma vez, situações de violência no trabalho.
Foram entrevistadas 5.658 pessoas entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano.
A maioria das pessoas agredidas (74,2%, dos médicos; e 64,9% dos profissionais de enfermagem) não apresentou denúncia. Entre os profissionais de enfermagem que registraram queixa, no entanto, 82,6% dos casos ficaram sem solução.
Apenas 17,4% das ocorrências foi resolvida. A pesquisa revela que 87,8% dos médicos não recebe orientações no local de trabalho sobre violências sofridas no exercício da profissão.
Para os médicos, o descrédito de que o caso fosse levado adiante pelas autoridades foi o principal motivo (37,8%) para não levar adiante a denúncia.
Para os trabalhadores ligados ao Coren, 30,5% responderam que o fato de não existir políticas de proteção às vítimas desencoraja o registro da denúncia.
Dos que denunciaram, 83,1% o fizeram para a chefia imediata e 16,9% por meio de Boletim de Ocorrência.
Tipos de violência
A maior parte das ocorrências foram registradas no Sistema Único de Saúde (SUS). Entre os médicos, as unidades públicas somaram 59,1% dos casos, em seguida estão os convênios (28,4%).
Na área de enfermagem, 57,7% dos casos ocorrem no SUS e 26,3% na rede particular. Neste item, o entrevistado poderia indicar mais de uma resposta.
O tipo de violência mais frequente é a verbal, cerca de 50%. A psicológica foi citada por 38% dos médicos e 36,6% dos profissionais de enfermagem.
Em relação a quem praticou o ato violento, os familiares e acompanhantes aparecem em 42,5% dos casos ligados aos médicos e 33,3% entre os profissionais de enfermagem.
O percentual de pacientes que agiram de forma violenta é 38,9% em relação ao Cremesp e 33,2% em relação do Coren.
Entre os profissionais de enfermagem, o percentual de violência praticada pela chefia imediata alcançou 20,2% dos casos. Entre os médicos, a mesma categoria somou 11,7%.