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Viaduto Marisa Letícia é aberto sem passagem para pedestres

Doria cancelou o evento de inauguração do viaduto e afirmou ser "injusta a homenagem a alguém envolvido no maior escândalo de corrupção do País"

Marisa Letícia e Lula: Nome do viaduto em São Paulo recebeu críticas (Lula/Divulgação)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de janeiro de 2018 às 08h37.

Última atualização em 4 de janeiro de 2018 às 08h38.

São Paulo - Além das críticas pelo nome que recebeu, o Viaduto Dona Marisa Letícia, no Jardim São Luís, na zona sul da capital paulista, está sendo alvo de reclamações dos moradores do entorno que afirmam que ele não oferece opções para pedestres em seu trecho final, que está próximo de uma creche e comércios locais.

O viaduto foi aberto nesta quarta-feira, 3, sem inauguração por decisão do prefeito João Doria (PSDB), que cancelou o evento e afirmou considerar "injusta a homenagem a alguém envolvido no maior escândalo de corrupção já registrado no País e que nunca morou na cidade nem jamais lhe trouxe qualquer benefício".

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A mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva morreu em 3 de fevereiro do ano passado por complicações de um acidente vascular cerebral (AVC). O projeto de lei que deu o nome dela ao viaduto foi sancionado no último dia 29 dezembro pelo prefeito em exercício Milton Leite (DEM).

A garçonete Monique Evellyn Alves da Silva, de 31 anos, afirma que a liberação do trânsito está trazendo riscos para os moradores. "Isso vai ser perigoso, porque tem uma escola aqui no lado. O viaduto é bom para a população, mas cadê o direito do pedestre? Tinha de colocar um farol ou uma passarela."

A filha mais nova de Monique, Sophia, de 4 anos, é aluna de uma creche na região e a garçonete diz que terá de fazer um trajeto maior para garantir a segurança da criança. Ela rejeita o nome do viaduto. "Para quê esse nome? Há tantos nomes de pessoas que fizeram coisas melhores."

O marceneiro David Francisco dos Prazeres, de 34 anos, tem pulado a estrutura de concreto que separa o viaduto da Rua Leonilda Kimori quando vai comprar pão. "O pessoal que mora do outro lado vai ter de dar uma volta para comprar pão. Deveria ter passarela ou farol. Toda hora, vai ter de pular. Tem muita mãe com criança que passa por aqui por causa da creche."

A questão também incomoda o pintor Manoel Tude, de 67 anos. "O viaduto com nome ou sem nome não me importa. Alguém pode cair e se machucar."

Mas o nome continua sendo polêmico. "Para ter um nome que representa algo, a pessoa tem de ter referência e um histórico simbólico. Teria de ser o nome de alguém que lutou. A gente pode não querer, mas tem de aceitar quando as autoridades colocam", diz o comerciante Ailton Oliveira Pereira, de 47 anos.

Análise

A Prefeitura de São Paulo informou que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) "está analisando as novas condições de tráfego do local para avaliar a implementação de sinalização complementar". A gestão municipal informou que o objetivo do viaduto é dar fluidez ao trânsito. "Além do viaduto, a atual gestão concluiu um trecho de 800 metros do novo sistema viário da Avenida Luiz Gushiken, entre a Estrada de M´Boi Mirim e a Rua Amitaba." Segundo a Prefeitura, o investimento para essas obras foi de R$ 34,5 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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