Cala a boca, moleque: baixaria toma sessão da reforma trabalhista
A oposição conseguiu impedir leitura de parecer da reforma trabalhista, mas apresentação do texto foi dada como concluída
Gian Kojikovski
Publicado em 23 de maio de 2017 às 16h01.
Última atualização em 23 de maio de 2017 às 19h29.
Brasília - A oposição prometeu atrapalhar o avanço da reforma trabalhista no Senado e cumpriu.
Em sessão da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para a apresentação do relatório sobre a pauta, oposicionistas tomaram a mesa e impediram o relator, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), de ler seu parecer. Mesmo assim, o texto foi dado como lido e será votado na próxima terça-feira.
A sessão chegou a ser suspensa por cerca de 40 minutos após bate-boca entre parlamentares. Quando foi retomada, a gritaria não parou e Ferraço afirmou fora do microfone que o parecer seria dado como lido.
A tramitação da reforma havia sido paralisada na semana passada por Ferraço após as denúncias de executivos da J&F contra o presidente Michel Temer . Após o final de semana de articulação, no entanto, o peemdebista conseguiu convencer os tucanos a seguirem com o calendário.
A sessão foi tensa desde o começo, às 8h30 da manhã. Mais cedo, em entrevista a EXAME.com, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que a oposição iria fazer o que fosse preciso para obstruir a pauta.
A confusão aconteceu depois que uma questão de ordem de Randolfe para adiar a leitura do parecer foi rejeitada por 13 votos a 11.
Segundo relato de Randolfe a EXAME.com, ele teria dito que o senador Ataídes Oliveira (PSDB-GO) estava sustentando um governo golpista. A resposta foi "Cala a boca, moleque vagabundo". Em reação, Randolfe partiu para cima e chegou a subir na mesa.
Após o encerramento da sessão, a senadora Fátima Bezerra afirmou que esse era um dos momentos mais tristes da história do Senado.
"A postura da oposição foi primitiva. Todos podem se posicionar na democracia, mas os gestos foram toscos, de quem não está acostumado com os debates", disse Ferraço.
A oposição afirmou que irá recorrer ao regimento do Senado para encontrar uma maneira de anular a sessão.