Vazamento de óleo no Rio Teles Pires afeta comunidades indígenas
A constatação do poluente na água ocorreu no último fim de semana, em uma região próxima ao canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de São Manoel
Agência Brasil
Publicado em 17 de novembro de 2016 às 17h42.
Um vazamento de óleo de origem ainda não identificada atingiu o Rio Teles Pires, na divisa entre os estados de Mato Grosso e Pará.
A constatação do poluente na água ocorreu no último fim de semana, em uma região próxima ao canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de São Manoel.
Procurado pela Agência Brasil, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou que foi notificado do acidente no domingo à noite pela Empresa de Energia São Manoel, responsável pelas obras da usina, que informou desconhecer a origem da substância.
Servidores da autarquia que participavam de uma ação de combate ao desmatamento foram deslocados para o local para tentar identificar a origem do vazamento e a dimensão do dano ambiental.
Segundo a coordenadora de Emergências Ambientais do órgão, Fernanda Pirillo, fotos tiradas durante um primeiro sobrevoo sugerem que, após percorrer cerca de cinco quilômetros, a mancha de óleo já começou a se dispersar - hipótese que, junto com a fonte poluidora, ainda será investigada pela nova equipe de servidores que o instituto enviou para o local.
"Ainda não temos informações sobre a extensão da mancha, mas, nas fotos, o que vemos é uma mancha que, apesar de grande, está dispersa, provavelmente porque o volume não é muito grande", comentou a coordenadora, explicando que os servidores do instituto ainda vão inspecionar as margens do rio para verificar se o óleo pode estar impregnando a vegetação.
"Mas nosso foco agora é buscar identificar a origem do vazamento, que pode ter sido causado também por uma eventual avaria em alguma balsa usada por garimpeiros que atuam na região", acrescentou Fernanda.
Se ficar comprovado que o óleo vazou das obras da Usina Hidrelétrica de São Manoel, a empresa de energia responsável será multada.
De acordo com o representante indígena Taravy Kayabi, a rotina de pelo menos nove aldeias Kayabi situadas ao longo do curso do Rio Teles Pires foi afetada.
Cerca de 50 famílias, com aproximadamente 300 pessoas, vivem nas nove aldeias. O receio de Taravy é que, caso não tenha se dispersado, o óleo siga o curso do rio, penetrando ainda mais pela Terra Indígena Kayabi, onde atingiria outras aldeias, inclusive de outras etnias indígenas.
De acordo com Taravy, a presença de óleo na água tem impedido os índios de pescar desde o final de semana - atividade de subsistência que, segundo o representante indígena, já vinha sendo prejudicada pela deterioração da qualidade do rio em função das obras de construção da Usina São Manoel.
"Além da mancha de óleo, a água do rio está bastante suja, barrenta e as comunidades estão enfrentando dificuldades para apanhar peixes", disse Taravy.
Segundo ele, nesta época do ano, é comum que a água do rio fique mais escura devido às chuvas, mas, com as obras, a terra carregada para o rio agravou a situação.
Mesmo sem saber as origens do óleo, a empresa São Manoel acionou seu plano de contingência e passou a fornecer galões de água e alimentos às aldeias indígenas afetadas.
A empresa garante que está analisando se o poluente vazou de suas instalações e que fornecerá todo o apoio necessário às comunidades ribeirinhas e às autoridades.