Vale começa a fazer doações para vítimas em Brumadinho
Doações de 100 mil reais serão feitas a famílias de vítimas. Prefeito de Mariana alerta para atenção às indenizações
Da Redação
Publicado em 31 de janeiro de 2019 às 06h34.
Última atualização em 31 de janeiro de 2019 às 07h36.
A mineradora Vale começa a registrar, na tarde desta quinta-feira, 31, as pessoas que deverão receber a doação de 100 mil reais prometida pela companhia devido à tragédia do rompimento da barragem em Brumadinho na última sexta-feira. O número de mortos já bateu 99 e 259 pessoas estão desaparecidas.
O atendimento será feito das 14h às 18h na Estação Conhecimento de Brumadinho, e no Centro Comunitário Feijão.
Segundo a companhia, estão aptos a receber a quantia os representantes de empregados da Vale, de trabalhadores terceirizados e de pessoas da comunidade falecidos ou desaparecidos, conforme a lista oficial validada pela Defesa Civil e disponibilizada no site da mineradora.
Quando a doação foi anunciada, o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, afirmou que a quantia não tem nada a ver com indenização.
“Indenização nós sabemos que serão valores muito maiores, que precisam ser obviamente conversados com as famílias, com autoridades, com Ministério Público. Isso é apenas para incertezas de curto prazo”, afirmou.
As indenizações ainda não foram negociadas, mas, caso aconteçam da mesma maneira que em Mariana — outra cidade mineira que sofreu com o rompimento de uma barragem da Samarco, mineradora que tem a Vale como uma das duas acionistas, em 2015 — , Brumadinho pode ter imprevistos no caminho.
“Muito do que é tratado na época do acidente não é cumprido. Agora, que a mídia está perto, cobrando entrevistas, todos garantem que darão apoio. No momento que a mídia se afasta, os apoios não são garantidos”, diz Duarte Júnior, prefeito de Mariana.
Ele afirma que boa parte do prometido não foi pago e mesmo as indenizações e multas pagas ao estado não chegaram ao município. “As empresas criaram um sistema em que elas enrolam e ganham tempo. Já se gastaram 4 bilhões de reais na tragédia de Mariana. E aí eu faço a pergunta que não consigo a resposta: onde está esse dinheiro? Em Mariana não houve uma obra compensatória”.
A pergunta é como a a Vale lidará com outras centenas de pessoas afetadas por mais uma tragédia. Segundo o jornal Valor, a empresa quer acelerar o pagamento de indenizações que, na conta do banco de investimentos Itaú BBA, podem chegar a 1 bilhão de reais por mortes. As indenizações ambientais tendem a ser dez vezes maiores.