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Usuários do crack migram para a Serra da Cantareira

Local na zona norte de São Paulo virou refúgio para dezenas de usuários de crack expulsos de uma favela vizinha

Drogas: eles vivem no mato há pelo menos três meses, em lonas erguidas às margens de um córrego (Wikimedia Commons)

Drogas: eles vivem no mato há pelo menos três meses, em lonas erguidas às margens de um córrego (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 1 de agosto de 2012 às 13h25.

São Paulo - Logo no início da Serra da Cantareira, uma mata que separa casas de R$ 1 milhão e barracos do Jardim Elisa Maria, na zona norte de São Paulo, virou refúgio para dezenas de usuários de crack expulsos de uma favela vizinha. Eles vivem no mato há pelo menos três meses, em lonas erguidas às margens de um córrego.

Assustados, moradores do condomínio Parque Itaguaçu da Cantareira colocaram seguranças particulares para vigiar a mata ocupada pelos dependentes. O Estado entrou ontem na trilha que leva ao camping montado pelos dependentes. No meio da floresta, ao som dos passarinhos, os "noias" se retorciam com cachimbos na mão.

"Quero ficar em paz aqui no mato, assim minhas filhas e minha mãe sofrem menos. Elas não precisam me ver desse jeito", desabafa Fabrícia Lombardi, de 28 anos, expulsa da favela do Elisa Maria. Com cachimbo nas mãos, rosto sujo de terra e agachada dentro de sua lona, ela diz estar mais perto de Deus ali na mata. "A bandidagem não quer a gente por perto. Ninguém gosta de ‘noia’, né?", emenda a jovem.

Ao seu lado, o ex-camelô Salvador de Almeida, de 55 anos, conta já ter morado dois anos na cracolândia do centro de São Paulo. Há dois meses, trocou a Rua dos Gusmões pelo meio da Cantareira. "Dá bem menos vergonha e medo ficar aqui. Eu já tive emprego bom, tenho meus filhos que moram no interior, em Rio Claro. Não gosto de pedir esmola em semáforo", contou Almeida, que passa parte do dia catando papelão e ferro pelas ruas do Jardim Peri, ali perto.

No condomínio vizinho de alto padrão, separado apenas por uma cerca de arame da mata da serra, moradores relatam que a presença de grupos de dependentes químicos ali é recente. "O que nós temos feito é evitar que eles entrem no condomínio. Nunca houve essa comunidade do crack no meio da mata", conta Ricardo de Almeida Pimentel Mendes, de 54 anos, administrador do condomínio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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