USP e Unicamp cobram R$ 100 milhões por dois câmpus
As universidades planejam cobrar do governo do Estado uma promessa de verbas feita em 2005
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2014 às 10h31.
São Paulo - Além da tentativa de mudar o cálculo da parcela dos impostos que recebem, a Universidade de São Paulo ( USP ) e a Universidade Estadual de Campinas ( Unicamp ) planejam cobrar do governo do Estado uma promessa de verbas feita em 2005 pela incorporação e criação de dois câmpus no interior.
O dinheiro extra previsto corresponde hoje a R$ 100 milhões por ano.
O Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) já vai pedir mudança no cálculo da cota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) destinado às instituições, hoje em 9,57%.
A ideia é eliminar os descontos sobre os repasses, o que levaria mais R$ 360 milhões anuais aos cofres das universidades.
A "contrapartida" oferecida ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), conforme o jornal O Estado de S.Paulo revelou anteontem, será um pacote de criação de vagas de graduação.
A verba de R$ 100 milhões para USP e Unicamp, calculada sobre o orçamento de 2013, é outra estratégia para aliviar a crise financeira das universidades, embora o montante seja pouco significativo.
Os recursos foram prometidos pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia em 2005 para que a USP incorporasse a Escola de Engenharia de Lorena (EEL), que já funcionava como faculdade estadual, e a Unicamp criasse o câmpus de Limeira, inaugurado em 2009.
A ideia era elevar em 0,07% os repasses para a USP e em 0,05% para a Unicamp, com o objetivo de custear o funcionamento das unidades. Hoje, a EEL tem 1,5 mil alunos e o câmpus de Limeira, 2,4 mil.
Compensação
"Esse compromisso foi assumido pela secretaria na época, mas não se materializou completamente", disse à reportagem o reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge.
"Foram aportados recursos para a construção do câmpus, estrutura física. No entanto, a contratação de docentes e funcionários exige recursos perenes", afirmou.
A reitoria da USP já reúne documentos antigos, em que constam a promessa, para reivindicar a cota extra pela EEL. "Vamos negociar com o governo do Estado para que de fato isso se concretize", afirmou o reitor Marco Antonio Zago, em encontro com alunos da Escola Politécnica no fim de maio.
Procurada, a reitoria não se manifestou. A crise nas estaduais já fez com que os reitores cortassem gastos e dessem reajuste zero a professores e funcionários em 2014. A USP é a que tem situação mais grave.
Outra queixa recorrente dos reitores é sobre a responsabilidade das instituições em relação aos hospitais universitários, que têm altos gastos com salários e manutenção.
Nesses casos, a alternativa de alívio nas contas é pedir mais verbas à Secretaria de Saúde ou transferir a administração de parte das unidades ao governo estadual, como acontece com o Hospital de Botucatu desde de 2010, antes gerido pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Em nota, o governo estadual informou que "respeita a autonomia universitária" e mantém diálogo permanente com os reitores. Não detalhou, porém, o estágio das negociações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.