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USP corta o salário dos servidores em greve

USP cortou o salário dos professores em greve, sem provar se recorreu à Justiça para questionar a legalidade da paralisação


	USP: sindicato diz que corte de salários é abusivo porque a Justiça não determinou ilegalidade da greve
 (Cecília Bastos /Jornal da USP/ USP Imagens)

USP: sindicato diz que corte de salários é abusivo porque a Justiça não determinou ilegalidade da greve (Cecília Bastos /Jornal da USP/ USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 6 de julho de 2016 às 08h04.

São Paulo - Com os funcionários em greve há dois meses, a Universidade de São Paulo (USP) descontou dos salários dos servidores os dias parados.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), o corte de ponto atingiu centenas de servidores, em especial os que recebem salários menores, de até R$ 3 mil. A universidade não informou quantas pessoas tiveram os salários descontados.

A Associação dos Docentes da USP (Adusp) disse que os professores, que também estavam em greve até sexta-feira, não tiveram cortes. A USP não informou por que o corte atingiu apenas uma das categorias.

"Essa é uma atitude perversa e ilegal da reitoria, que não negocia com a categoria e apenas intimida", disse Magno de Carvalho, diretor do Sintusp. O sindicato ingressou com uma ação na Justiça para tentar a devolução dos salários.

O auxiliar de serviços gerais Isaque Machado, de 44 anos, disse ter recebido apenas R$ 83 em junho - seu salário é de cerca de R$ 3 mil - por ter participado da greve.

"Tenho filho, família, contas para pagar. A gente luta porque quer manter nosso emprego com dignidade, estão acabando com a universidade na qual trabalho há 15 anos."

Os servidores estão em greve desde 12 de maio por reajuste salarial - a USP ofereceu 3% de reajuste, enquanto a categoria pede 12,34% - e contra o que chamam de "desmonte", por causa dos cortes de investimento.

Segundo o Sintusp, o corte nos salários é ilegal porque a greve não foi julgada ou considerada irregular pela Justiça. Questionada, a USP não informou se recorreu à Justiça para questionar a legalidade da greve.

A universidade respondeu com uma nota, de 1º de junho, em que afirma que a Constituição assegura o direito de greve, mas que "mesmo direitos fundamentais comportam limitações, restrições e condicionantes".

Informou ainda não ter a "opção de pagar" os grevistas. "A remuneração é uma contraprestação ao trabalho."

Para lembrar

Em 2014, após cortar dois meses de salários dos servidores, a USP perdeu um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) e foi obrigada a pagar os valores descontados.

No mesmo ano, a universidade recebeu do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) sugestão de pagamento de abono de 28,6%, além do reajuste de 5,2% que já havia apresentado aos funcionários em greve havia mais de cem dias.

A paralisação foi encerrada alguns dias depois de a USP acatar a sugestão judicial. Os servidores aceitaram repor os dias parados com uma hora por dia além do expediente.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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