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Uso abusivo reduz estoque de Tamiflu

Estoque previsto para enfrentar toda a epidemia da gripe H1N1 já está acabando, o que pode ser atribuído à prescrição indiscriminada do medicamento


	Tamiflu: volume de remédios distribuído este ano foi seis vezes maior do que o total do ano passado, mas estoque já está acabando.
 (Miguel Medina/AFP)

Tamiflu: volume de remédios distribuído este ano foi seis vezes maior do que o total do ano passado, mas estoque já está acabando. (Miguel Medina/AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2016 às 08h53.

São Paulo - O uso abusivo de oseltamivir (Tamiflu), indicado para evitar complicações da gripe H1N1, está reduzindo rapidamente os estoques da rede pública e já provoca faltas pontuais do remédio em algumas regiões do Estado.

A utilização indiscriminada do medicamento preocupa a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, que enviou um informe aos médicos paulistas, reforçando os critérios para a prescrição do medicamento.

Nas últimas semanas, o órgão estadual observou um crescimento expressivo no consumo do oseltamivir distribuído nas unidades públicas de saúde.

"Começou esse pavor por causa do H1N1 e, assim como houve uma corrida enorme atrás da vacina, também notamos um uso abusivo do medicamento. Ou seja, os médicos começaram a prescrever sem necessidade e nosso estoque caiu drasticamente. Estamos chegando a níveis críticos", diz Marcos Boulos, coordenador de controle de doenças da Secretaria Estadual da Saúde, que já pediu lotes extras do medicamento ao Ministério da Saúde.

Até agora, o governo do Estado recebeu do ministério 2,9 milhões de cápsulas do medicamento, volume suficiente para tratar 297,8 mil pessoas. O número é seis vezes maior do que o total de tratamentos dispensados em todo o ano passado: 48,5 mil.

"O estoque que pensamos que seria tranquilo para enfrentar toda a epidemia já está acabando. Isso quer dizer que o remédio está sendo dado para pacientes de faixas etárias fora dos grupos de risco, está sendo receitado de forma anárquica."

Segundo Boulos, por enquanto há apenas desabastecimento pontual na região de São José do Rio Preto, no interior paulista, onde começou o surto, e possibilidade de falta na área de Presidente Prudente, onde o estoque está baixo.

"A expectativa é de que, com os lotes extras, tenhamos medicamento suficiente para enfrentar o surto, mas é preciso ficar atento ao uso abusivo também por causa da possibilidade de isso criar uma resistência do vírus ao remédio e deixá-lo mais forte", explica.

Como revelado pela reportagem no início do mês, o ministério dobrou o pedido de antiviral ao laboratório Farmanguinhos, responsável pela produção, e terá estoque para tratar 2,5 milhões de brasileiros neste ano.

Surto

São Paulo é o Estado mais afetado pelo surto precoce de H1N1. De 1º de janeiro a 12 de abril, 91 pessoas morreram por complicações da doença em cidades paulistas, nove vezes mais do que o número de vítimas de todo o ano passado.

Apesar do quadro preocupante, cerca de 90% das pessoas infectadas evoluem para cura espontânea, sem necessidade de medicamento.

O Tamiflu só é indicado para pessoas com sintomas de gripe que integram os grupos de risco, como idosos, doentes crônicos, gestantes e crianças. Ele também deve ser administrado nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que requer internação.

Para que possa evitar as complicações da doença, o oseltamivir deve ser usado preferencialmente nas primeiras 48 horas após o início dos primeiros sintomas.

Um informe com os critérios para a prescrição do remédio e o alerta sobre as consequências do uso indiscriminado do produto foi enviado aos médicos paulistas pela secretaria por meio do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) na semana passada.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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