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UPP é projeto em andamento, diz capitão

Capitão da PM afirma que a UPP é um projeto de reconquista da comunidade, de aceitação e confiança das pessoas na Polícia Militar

Policial militar na Rocinha, no Rio de Janeiro: para capitão, a política de UPPs é um caminho sem volta (Tânia Rêgo/ABr)
DR

Da Redação

Publicado em 30 de dezembro de 2013 às 07h52.

Rio de Janeiro – Com a experiência de quem está atuando na terceira Unidade de Polícia Pacificadora ( UPP ), apesar da pouca idade, o capitão da Polícia Militar Marcio de Almeida Rocha, 29 anos, sabe que o projeto iniciado em 2008 está apenas começando. Depois de comandar a UPP do Morro Santa Marta, em Botafogo, na zona sul da cidade, e a do Morro do Andaraí, na zona norte, ele está há pouco mais de um mês à frente da unidade do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, também na zona norte.

“A UPP é um projeto em andamento. De reconquista da comunidade, de aceitação e confiança das pessoas na Polícia Militar. É um processo diário. E a gente sabe que uma ação nossa, de forma mais excessiva, de erro de procedimento, pode fazer com que toda aquela credibilidade que construímos acabe de uma hora para outra. Então a gente tem que cuidar de nossas ações, com muita técnica e tato com a população, vendo o morador de comunidade como um morador de qualquer outra área da cidade. Não tem que ter distinção de tratamento. [Temos que] ter a visão de que estamos aqui para prestar um serviço.”

O Morro dos Macacos, onde vivem muitos integrantes da Escola de Samba Unidos de Vila Isabel, campeã do último carnaval, também se tornou fonte de inquietação para todo o bairro, pois nos últimos anos os tiroteios eram quase diários.

Até hoje, os prédios próximos ostentam marcas de tiros nas fachadas. Quando houve a pacificação, em 2010, a região respirou aliviada e os imóveis passaram a se valorizar em questão de semanas.

Mas recentemente, criminosos do Morro dos Macacos passaram a enfrentar a polícia, com registros de trocas de tiros. Para o comandante, isso é reflexo da tática de repressão ao tráfico adotada pela polícia, que não permite a venda ostensiva de drogas .


“A gente sabe que o tráfico de drogas é muito difícil de combater, porque ele existe em qualquer parte da cidade. Mas aquele ponto demarcado para venda de droga, conhecido como boca de fumo, não existe mais nessas comunidades. Ele se torna itinerante. Hoje a pessoa que está vendendo droga fica em um determinado bar, em um determinado ponto, e a gente monta um policiamento naquele local e o traficante vai para uma outra localidade. Isso desestabiliza e enfraquece o tráfico.”

Na visão do comandante, esses embates com o tráfico dão à tropa mais certeza de que o trabalho caminha no rumo certo, pois o resultado final é a aproximação com os moradores.

“É um resgate de território e de cidadania para os moradores e também é um resgate de autoestima para os policiais. Dentro do trabalho de pacificação é onde o PM encontra o reconhecimento. A gente vê que a rotina dos moradores realmente mudou. E sente a gratidão pelo serviço de segurança pública que eles não tinham.”

Para Almeida, a política de UPPs é um caminho sem volta, que ainda precisa ser aperfeiçoado, mas que mostrou o rumo certo para se obter os melhores resultados em segurança pública.

“Antes a forma de atuação nas comunidades eram operações planejadas com uma grande quantidade de policiais, com muitos carros blindados, com confrontos armados, com policiais e moradores feridos. Aí a polícia saía da comunidade e o tráfico voltava. Desde que a UPP surgiu e se fez presente nas áreas pacificadas, a gente percebe a ausência desse tráfico intensivo e, na maioria, a do tráfico armado.”

No dia em que a reportagem da Agência Brasil esteve no Morro dos Macacos, a UPP promoveu uma festa de Natal para as crianças, com direito a Papai Noel e à distribuição de quase 600 presentes. Mas, a pouco mais de 20 metros de onde ocorria a evento, um grupo de quatro rapazes fumava um cigarro de maconha.

Sem fazer críticas diretas ao processo de pacificação, eles pediam apenas uma coisa: que o novo comandante da unidade liberasse os bailes funk e não interviesse tanto como o seu antecessor nas festas da comunidade. Segundo os jovens, são as únicas diversões a que têm direito, sem precisar sair do morro.

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Rio de Janeiro – Com a experiência de quem está atuando na terceira Unidade de Polícia Pacificadora ( UPP ), apesar da pouca idade, o capitão da Polícia Militar Marcio de Almeida Rocha, 29 anos, sabe que o projeto iniciado em 2008 está apenas começando. Depois de comandar a UPP do Morro Santa Marta, em Botafogo, na zona sul da cidade, e a do Morro do Andaraí, na zona norte, ele está há pouco mais de um mês à frente da unidade do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, também na zona norte.

“A UPP é um projeto em andamento. De reconquista da comunidade, de aceitação e confiança das pessoas na Polícia Militar. É um processo diário. E a gente sabe que uma ação nossa, de forma mais excessiva, de erro de procedimento, pode fazer com que toda aquela credibilidade que construímos acabe de uma hora para outra. Então a gente tem que cuidar de nossas ações, com muita técnica e tato com a população, vendo o morador de comunidade como um morador de qualquer outra área da cidade. Não tem que ter distinção de tratamento. [Temos que] ter a visão de que estamos aqui para prestar um serviço.”

O Morro dos Macacos, onde vivem muitos integrantes da Escola de Samba Unidos de Vila Isabel, campeã do último carnaval, também se tornou fonte de inquietação para todo o bairro, pois nos últimos anos os tiroteios eram quase diários.

Até hoje, os prédios próximos ostentam marcas de tiros nas fachadas. Quando houve a pacificação, em 2010, a região respirou aliviada e os imóveis passaram a se valorizar em questão de semanas.

Mas recentemente, criminosos do Morro dos Macacos passaram a enfrentar a polícia, com registros de trocas de tiros. Para o comandante, isso é reflexo da tática de repressão ao tráfico adotada pela polícia, que não permite a venda ostensiva de drogas .


“A gente sabe que o tráfico de drogas é muito difícil de combater, porque ele existe em qualquer parte da cidade. Mas aquele ponto demarcado para venda de droga, conhecido como boca de fumo, não existe mais nessas comunidades. Ele se torna itinerante. Hoje a pessoa que está vendendo droga fica em um determinado bar, em um determinado ponto, e a gente monta um policiamento naquele local e o traficante vai para uma outra localidade. Isso desestabiliza e enfraquece o tráfico.”

Na visão do comandante, esses embates com o tráfico dão à tropa mais certeza de que o trabalho caminha no rumo certo, pois o resultado final é a aproximação com os moradores.

“É um resgate de território e de cidadania para os moradores e também é um resgate de autoestima para os policiais. Dentro do trabalho de pacificação é onde o PM encontra o reconhecimento. A gente vê que a rotina dos moradores realmente mudou. E sente a gratidão pelo serviço de segurança pública que eles não tinham.”

Para Almeida, a política de UPPs é um caminho sem volta, que ainda precisa ser aperfeiçoado, mas que mostrou o rumo certo para se obter os melhores resultados em segurança pública.

“Antes a forma de atuação nas comunidades eram operações planejadas com uma grande quantidade de policiais, com muitos carros blindados, com confrontos armados, com policiais e moradores feridos. Aí a polícia saía da comunidade e o tráfico voltava. Desde que a UPP surgiu e se fez presente nas áreas pacificadas, a gente percebe a ausência desse tráfico intensivo e, na maioria, a do tráfico armado.”

No dia em que a reportagem da Agência Brasil esteve no Morro dos Macacos, a UPP promoveu uma festa de Natal para as crianças, com direito a Papai Noel e à distribuição de quase 600 presentes. Mas, a pouco mais de 20 metros de onde ocorria a evento, um grupo de quatro rapazes fumava um cigarro de maconha.

Sem fazer críticas diretas ao processo de pacificação, eles pediam apenas uma coisa: que o novo comandante da unidade liberasse os bailes funk e não interviesse tanto como o seu antecessor nas festas da comunidade. Segundo os jovens, são as únicas diversões a que têm direito, sem precisar sair do morro.

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