TRF4 nega recurso à União em processo sobre confisco de valores de Dirceu
Fazenda Nacional apontou ambiguidade e contradição no acórdão do agravo de instrumento que negou assegurar parte dos valores confiscados do ex-ministro
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de junho de 2018 às 16h03.
São Paulo - O Tribunal Regional Federal da 4ª Região ( TRF4 ) negou provimento nesta quarta-feira, 27, embargos de declaração da União. A Fazenda Nacional apontou ambiguidade e contradição no acórdão do agravo de instrumento julgado pela 8ª Turma que negou assegurar parte dos valores confiscados do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/Governo Lula) para pagamento de tributos.
As informações foram divulgadas pelo Tribunal.
No processo, a União argumentava que a Turma já havia decidido de forma diferente em caso análogo. No recurso julgado pelo tribunal em abril deste ano, a Fazenda requeria o montante de R$ 22.729.835,63.
A Turma negou, na ocasião, procedimento sob o entendimento de que se tratava de crimes de corrupção , lavagem de dinheiro e organização criminosa, não havendo imputação por cometimento de crime tributário, e por isso não poderia se cogitar a medida cautelar em favor da Fazenda.
Segundo o relator, desembargador federal João Pedro Gebran Neto, neste caso, a decisão precede a análise do mérito e a medida foi negada porque não foram preenchidas as condições que autorizam a concessão da tutela de urgência, que são a existência da probabilidade do direito e o perigo de dano irreparável.
"A simples citação de precedente que guarda similaridades com o presente caso não importa em contradição tão-somente por haver pontuais diferenças entre as fundamentações que embasaram ambos", afirmou Gebran.
A defesa apontou ainda algumas omissões, mas o desembargador ressaltou que se trata de "mero inconformismo" contra a decisão.
"Ocorre que a simples insurgência das partes contra os fundamentos invocados e que levaram o órgão julgador a decidir não abre espaço para o manejo dos embargos de declaração, cuja modificação deve ser buscada pela via recursal apropriada", destacou o magistrado.