Trânsito: número de automóveis dobrou nos últimos 10 anos
Crescimento no número de carros nas metrópoles na última década não foi acompanhado por uma melhora na infraestrutura das cidades
Da Redação
Publicado em 2 de outubro de 2012 às 19h11.
São Paulo – Entre 2001 e 2011, o número de automóveis nas 12 metrópoles do Brasil praticamente dobrou: foi de 11,5 milhões para 20,5 milhões. O aumento é ainda mais notável no caso das motocicletas, que passaram de 3,5 milhões para 18,3 milhões nesse período. Os números são do Observatório das Metrópoles, organizados a partir de informações do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
Segundo o relatório elaborado pelo urbanista Juciano Martins Rodrigues, o ritmo de crescimento no número de veículos supera o da população na maioria dos casos, o que pode levar a um “apagão urbano”.
“A capacidade de investimento em infraestrutura viária não acompanha a expansão do número de automóveis. Criam-se mais rodovias, isso gera um aumento no número de carros, o que gera trânsito carregado e aí se criam mais rodovias. É um ciclo vicioso”, diz Rodrigues.
Para ele, uma solução mais estável é o investimento no transporte público de massa, inclusive utilizando a verba do país para obras de infraestrutura para Copa do Mundo e Olimpíadas.
“Não dá para continuar a preferência pelo modelo rodoviarista baseado no transporte particular. É uma opção política, em menor medida ideológica e com uma justificativa evidentemente econômica”, explica o pesquisador.
Ele ainda completa dizendo que o aumento no número de carros e motos é uma resposta natural da população. “Não há investimento em transporte público e de massa, então as pessoas têm de procurar outras soluções e encontram o carro e a moto. Nas periferias, principalmente, o número de motos aumentou muito”, diz.
Confira a evolução na frota de carros e motos em 12 metrópoles brasileiras entre 2001 e 2011:
Metrópoles | Crescimento na frota de carros | Frota de carros | Crescimento na frota de motos | Frota de motos |
---|---|---|---|---|
Manaus (AM) | 141,90% | 357.049 | 382,20% | 127.991 |
Belo Horizonte (MG) | 108,50% | 1.753.405 | 312,50% | 368.728 |
DF | 103,60% | 1.274.792 | 373,30% | 212.807 |
Goiânia (GO) | 100,50% | 786.256 | 228,40% | 786.256 |
Belém (PA) | 97,30% | 280.231 | 708,30% | 112.905 |
Salvador (BA) | 94,30% | 668.472 | 468,10% | 140.473 |
Curitiba (PR) | 91,70% | 1.543.739 | 273,40% | 269.087 |
Fortaleza (CE) | 89,70% | 628.039 | 320,90% | 272.955 |
Recife (PE) | 78,20% | 692.389 | 338,80% | 223.904 |
São Paulo (SP) | 68,20% | 8.292.812 | 260,80% | 1.444.624 |
Porto Alegre (RS) | 67% | 1.423.439 | 202,60% | 308.095 |
Rio de Janeiro (RJ) | 62% | 1.274.792 | 338,60% | 430.733 |