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Tragédia da Chapecoense foi assassinato, diz ministro boliviano

A autoridade lembrou que um avião deve contar pelo menos com "uma hora e meia de autonomia de voo de onde parte até onde vai chegar"

Chapecoense: "Não houve um acidente, houve um homicídio" (Reprodução/Twitter/Reprodução)

Chapecoense: "Não houve um acidente, houve um homicídio" (Reprodução/Twitter/Reprodução)

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EFE

Publicado em 9 de dezembro de 2016 às 22h21.

La Paz - O ministro de Defesa da Bolívia, Reymi Ferreira, qualificou nesta sexta-feira como "assassinato" a queda do avião da companhia aérea Lamia que transportava a delegação da Chapecoense na semana passada na Colômbia causando a morte de 71 dos 77 passageiros.

"Não houve um acidente, houve um homicídio. O que ocorreu em Medellín é um assassinato porque alguém que se atreve a levar passageiros, mais de 70 pessoas, com a gasolina exata, viola um protocolo fundamental básico da aeronavegação civil", disse Ferreira aos veículos de comunicação na região de Cochabamba.

A autoridade lembrou que um avião deve contar pelo menos com "uma hora e meia de autonomia de voo de onde parte até onde vai chegar e isso não foi cumprido" no caso do avião da Lamia.

"Não se deve perder muito em especulações (...) está muito claro que houve um homicídio. Mas teve cúmplices, alguém que permitiu que esse avião decolasse com essa rota de voo é cúmplice", acrescentou o ministro boliviano.

Ferreira se referiu dessa forma à funcionária da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea (AASANA), Celia Castedo, que observou irregularidades no plano de voo da aeronave de Lamia no aeroporto de Viru Viru, da cidade de Santa Cruz.

"E essa senhora vai se declarar perseguida política e ir para outro país, algo que é incorreto", completou o ministro.

Castedo, que solicitou refúgio no Brasil, declarou ontem em carta divulgada em veículos de comunicação bolivianos que foi alvo de pressões de seus superiores na AASANA para mudar o conteúdo do relatório com observações ao plano de voo da Lamia.

A técnica apresentou cinco observações ao plano de voo e as reportou em três ocasiões à companhia aeronáutica, a primeira duas horas antes da decolagem e a última 20 minutos antes.

Castedo reiterou que chamou a atenção sobre a autonomia de voo da aeronave, que caiu antes de chegar a Medellín supostamente por falta de combustível, segundo as primeiras investigações.

Em seu texto, Castedo específica que avisou à companhia aérea dos problemas do plano de voo porque eles eram os responsáveis por corrigi-las, mas não fica claro se alertou seus superiores da AASANA nesse momento dos problemas detectados antes que o voo decolasse.

O ministro Ferreira também questionou o fato de o piloto da aeronave, Miguel Quiroga, morto na queda, não ter aterrissado nos pontos onde podia abastecer.

"Se o piloto só tivesse cumprido o que diz a norma de aterrissar em Cobija (norte da Bolívia) ou em Bogotá, ou pelo menos antes de acidentar-se tivesse anunciado emergência desde o começo, é possível que não tivesse havido esta tragédia", lamentou.

Uma juíza ordenou na noite desta quinta-feira a prisão preventiva do diretor-geral da Lamia, Gustavo Vargas Gamboa, que foi acusado pela procuradoria de vários crimes, entre eles o de homicídio culposo.

Dentro de outra investigação sobre as autorizações de funcionamento da linha aérea, foi detido o filho de Vargas Gamboa, Gustavo Vargas Villegas, que foi diretor de Registro Aeronáutico Nacional da Direção Geral de Aeronáutica Civil.

Vargas Villegas é investigado pelos delitos de "uso indevido de influências, negociações incompatíveis com o exercício de funções públicas e descumprimento de deveres".

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