Exame Logo

Torcida brasileira é discriminada em bar francês no Rio

Em local gerido pela Federação Francesa de Futebol, torcedores foram impedidos de sentar e assistir ao jogo; caso foi parar no consulado francês no Rio

Torcedores no jogo da França em Porto Alegre no dia 15: no Rio, caso de discriminação contra brasileiros (Quinn Rooney/Getty Images)

Guilherme Dearo

Publicado em 20 de junho de 2014 às 11h52.

São Paulo - Um caso de discriminação surpreendeu torcedores brasileiros no último dia 15 de junho, no Rio de Janeiro, dia da partida de estreia da França na Copa do Mundo , contra Honduras.

Segundo relato do paulistano Bruno Aragaki (28), que mora no Rio, ele e quatro amigos foram discriminados na Casa Bleue, que fica dentro do Jockey Club, na Gávea.

Veja também

O local é ponto de encontro da torcida francesa no Rio e é gerido pela própria Federação Francesa de Futebol, que organizou o local especialmente para a Copa.

Eles chegaram para assistir ao jogo e pediram mesas, falando em português, mas uma hostess respondeu que elas eram exclusivas aos torcedores franceses.

Aragaki, que fala francês, tentou novamente e pediu mesas a uma outra hostess, dessa vez em francês. Foram atendidos.

Mas demorou apenas alguns minutos para que a primeira mulher os tirasse da mesa com o mesmo argumento, instalando franceses no lugar.

Revoltados com a situação, os amigos foram embora.

Aragaki decidiu que não ficaria por isso mesmo: escreveu uma carta aberta ao senhor Brice Roquefeuil, cônsul-geral da França no Rio de Janeiro.

"Entendo que o público primário da Casa Bleue são os torcedores franceses, mas acredito que,uma vez que o acesso ao espaço nos foi concedido, o tratamento dispensado não deveria serdiferente para franceses e brasileiros, negros e brancos, destros e canhotos", argumentou.

Para Bruno, foi um erro pontual, mas a aparente banalidade do episódio impede que a "Copa das Copas" crie um ambiente tolerante e plural, como prega.o espírito do evento e do esporte.

"Essa atitude não corresponde ao espírito de integraçãoproposto pela Copa do Mundo, nem à França multicultural que me acolheu durante umimportante ano de minha juventude", disse.

Resposta da Federação Francesa

Alertada pelo consulado, a Federação Francesa de Futebol respondeu à carta aberta, pedindo desculpas a Bruno e seus amigos.

Leia a resposta:

"Olá,

Dando sequência à nossa conversa telefônica, gostaria de, em nome da FFF, lhe oferecer novamente nossas desculpas por este lamentável incidente.

A Casa Bleue é aberta a todos os torcedores da seleção francesa, independentemente da nacionalidade.

Para seter uma ideia: no dia do jogo [contra Honduras] havia torcedores de Senegal, Argélia, Estados Unidos e muitos brasileiros, que estavam lá para ver o jogo e se divertir após a vitória.

Convido você a voltar para a Casa Bleue na próxima sexta-feira [dia 20] para o jogo entre França e Suíça, às 16h.

Mais uma vez, a FFF decidiu organizar esses pontos para reunir torcedores e viver a confraternização e o intercâmbio cultural que é a base dos valores do futebol que defendemos todos os dias.

Continuo naturalmente à sua disposição.

Sinceramente,"

Acompanhe tudo sobre:Copa do MundoEsportesEuropaFrançaFutebolPaíses ricosPreconceitosRacismoSeleção Brasileira de Futebol

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame