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Terremoto no Brasil? Com madrugada e manhã agitadas, Bahia que o diga

Tremores de até 4,6 graus em diversas regiões do Recôncavo Baiano deixaram rachaduras em algumas construções e moradores assustados

 (Bruna Prado/Getty Images)

(Bruna Prado/Getty Images)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 31 de agosto de 2020 às 12h04.

Última atualização em 31 de agosto de 2020 às 13h30.

Muitos cresceram ouvindo de professores que não tem terremoto no Brasil, porque o país está no meio de uma grande placa tectônica. São nas bordas dessas placas, que se chocam de tempos em tempos, onde o estrago pode ser mais grave.

Na manhã de domingo, 30, e na madrugada desta segunda-feira, 31, no entanto, moradores ficaram assustados com tremores de até 4,6 graus, em diversas regiões da Bahia. Não há registros de feridos, mas algumas estruturas ficaram com rachaduras.

"Eu pensei que era um trator, um rolo compressor passando. Tremeu tudo por uns 20, 30 segundos. Olhei pela janela e vi que não tinha nada na rua, foi muito estranho, tinha vizinho que saiu correndo, desesperado. Nunca passei por isso", disse um morador do município de Santo Antônio de Jesus, que fica a 180 km de Salvador, ao jornal baiano Correio.

Mais de 110 relatos parecidos foram relatados ao Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), da Universidade de São Paulo (USP), entre domingo e segunda-feira. Os tremores foram sentidos até 200 Km do epicentro mais forte, em Amargosa/BA.

Apesar de o evento ter sido novidade para muitos, tremores do tipo não são novidade no Brasil. O Recôncavo Baiano tem um histórico significativo de sismicidade, segundo o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), que já registrou nove tremores na região entre 2018 e 2019.

Pesquisadores identificaram uma atividade mais acentuada recentemente nas cidades de Amargosa, São Miguel das Matas, Varzeado e Mutuipe.

Pesquisadores do IAG explicam que, apesar de não haver terremotos muito fortes aqui, há tremores de terra que são fortes o suficiente para causar danos.

"No interior de uma placa, como é o caso do Brasil, ainda existem forças geológicas, mas são mais estáveis e menos frequentes do que a atividade nas bordas de placas", diz Marlon Pirchner, pesquisador do IAG em vídeo produzido pelo núcleo em 2018 (veja abaixo), quando o mapa de monitoramento de atividades sísmicas brasileiro foi atualizado.

São as forças geológicas que movimentam a Placa da América do Sul que causam grandes pressões em seu interior, agindo continuamente na crosta terrestre, uma das principais causas dos sismos no Brasil em geral, de acordo com o IAG.

Não é possível prever tremores de terra, nem tampouco saber como eles evoluirão, segundo os pesquisadores.

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