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Temperaturas máximas diárias avançaram até 3°C em 60 anos no Brasil, diz estudo

De acordo com o autor da pesquisa, as alterações do clima no País podem ser relacionadas aos efeitos das mudanças climáticas em escala global

Em Campinas, cidade com 1,1 milhão de habitantes, entre 1989 e o ano passado, a média das temperaturas máximas locais subiu 1,2ºC. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Em Campinas, cidade com 1,1 milhão de habitantes, entre 1989 e o ano passado, a média das temperaturas máximas locais subiu 1,2ºC. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 28 de agosto de 2023 às 08h40.

Parece que foi de uma hora para outra. De repente, a gente deixa de reconhecer as estações do ano como elas deveriam ser e no meio do inverno a maior parte das capitais brasileiras registra mais de 30ºC, como na semana passada.

Mas não é bem assim: um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) aponta que nos últimos 60 anos as temperaturas máximas diárias no País aumentaram até 3ºC.

Temperatura elevada

A pesquisa do órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) revela que “praticamente todas as regiões do Brasil, sem exceção” tiveram aumento nas temperaturas máximas, entre 1961 e 2020, como explica o cientista climático Lincoln Alves, pesquisador do Inpe e autor do estudo. A maior parte do território brasileiro teve aumentos de até 1,5ºC. No entanto, locais como o interior do Nordeste e o noroeste da Região Norte registraram alta entre 2,5ºC e 3ºC nesse período.

Os maiores aumentos não se restringem a essas partes. No Centro-Oeste e no Sudeste também há locais com crescimento acima de 1,5ºC. Mato Grosso do Sul e Minas Gerais têm as maiores manchas do avanço do calor nessas regiões. No Nordeste, se destaca o interior da Bahia, e no Norte do Brasil, toda a parte oeste da Amazônia e o interior do Pará.

De acordo com o cientista climático, as alterações do clima no País podem ser relacionadas aos efeitos das mudanças climáticas em escala global, mas não só. “(É efeito da) mudança do clima somada a urbanização e alterações no uso e cobertura da terra”, afirma. “Este mapa foi feito a partir de dados de temperatura máxima diária observados (de estações meteorológicas) de todo o Brasil. Não são resultados de modelos. Os dados foram obtidos e processados a partir de diversas instituições, por exemplo, Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).”

Os dados também fazem parte das Normais Climatológicas do Brasil, conjunto de informações do comportamento do clima organizado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Esse compilado aponta mudanças substanciais como a alteração no padrão de chuvas em regiões como a Grande São Paulo, onde o número de dias com chuva acima de 50 mm passou de 37 para 47.

Campinas

Outra pesquisa, da Unicamp, dá um exemplo do que isso representa. Em Campinas, cidade com 1,1 milhão de habitantes, entre 1989 e o ano passado, a média das temperaturas máximas locais subiu 1,2ºC. A pesquisa revela que a média das temperaturas máximas registradas em Campinas nesse período foi de 28,4º C, com tendência de aumento crescente do aquecimento nesses 34 anos. Essa média cresceu 1,3 ºC nos meses de verão e 1 8 ºC no inverno.

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