Temer tem até hoje para sancionar polêmico projeto criticado por Dodge
ÀS SETE - De autoria do senador Antonio Anastasia, o PL altera as regras para punição de agentes públicos que cometam ilegalidades pelos tribunais de conta
Da Redação
Publicado em 25 de abril de 2018 às 06h38.
Última atualização em 25 de abril de 2018 às 07h25.
O presidente Michel Temer tem até esta quarta-feira para sancionar, ou vetar, um polêmico projeto de lei criticado por juristas, procuradores e auditores.
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Segundo essas categorias, a proposta, caso aprovada, vai enfraquecer a atuação do Tribunal de Contas da União (TCU) e dos Ministérios Públicos e facilitar atos ilícitos por gestores públicos.
O projeto de lei 7.448/2018, decorrente de um outro projeto de lei de autoria do senador Antonio Anastasia e apresentado por ele em 2015, altera as regras para punição de agentes públicos que cometam ilegalidades pelos tribunais de conta.
A ideia é impedir que as decisões dos gestores sejam tomadas “com base em valores jurídicos abstratos”, como é hoje, a partir dos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, entre outros.
Para seus críticos, como a procuradora-geral, Raquel Dodge, o projeto pode enfraquecer a Lei de Improbidade Administrativa. Segundo o texto, gestores públicos, incluindo servidores e políticos, passariam a responder apenas em casos de “dolo” ou “erro grosseiro”, ficando impunes nos casos de negligência, imperícia ou improbidade, por exemplo.
O presidente e ministros do Tribunal de Contas da União se reuniram com Temer na semana passada para tentar barrar a proposta. Procuradores do Ministério Público Federal também encaminharam uma nota técnica ao presidente, pedindo o veto integral ao texto.
Nesta segunda-feira 23, em um evento no TCU para debater o PL, Raquel Dodge voltou a criticar a proposta. Segundo ela, o projeto é “repleto de inconstitucionalidades”, benéfico para infratores e “pode promover impunidade ao negar a efetiva aplicação da lei de improbidade administrativa”.
Para a subprocuradora geral da República e coordenadora da Câmara de Combate à Corrupção, Mônica Nicida, a lei vai facilitar ilegalidades do gestor mal-intencionado, que não precisará mais se pautar pelos princípios estipulados na legislação atual.
“O projeto de lei dá uma liberdade enorme para o gestor e dificulta o controle. Nessa medida, gera uma insegurança jurídica muito acentuada”, afirmou ela em entrevista a EXAME.
O texto passou por apenas uma audiência pública e foi aprovado pelas comissões de Constituição e Justiça tanto do Senado quanto da Câmara, sem ir ao plenário em nenhuma das casas, indo direto para sanção presidencial. O prazo se encerra hoje.