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Temer se agarra a economia para minimizar crise política

Em reunião de quase duas horas, presidente disse que não renuncia e que baixa popularidade lhe permite pautar medidas impopulares.

Por não cair no gosto do eleitorado, Temer disse se sentir mais à vontade de adotar medidas impopulares (Marcos Corrêa/Agência Brasil)

Por não cair no gosto do eleitorado, Temer disse se sentir mais à vontade de adotar medidas impopulares (Marcos Corrêa/Agência Brasil)

Marcelo Ribeiro

Marcelo Ribeiro

Publicado em 22 de dezembro de 2016 às 15h11.

Última atualização em 22 de dezembro de 2016 às 15h46.

Brasília - O presidente Michel Temer (PMDB) destacou nesta quinta-feira (22) as vitórias econômicas do seu governo para minimizar eventuais dificuldades pelas quais o país possa passar por conta do agravamento da crise política. Acompanhado do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e do chefe da pasta de Planejamento, Dyogo Oliveira, Temer reforçou que seu governo tem cara e foco em economia.

Em um café da manhã de quase duas horas com jornalistas, o peemedebista fez novos acenos ao mercado financeiro e lançou um pacote de bondade final de ano, com medidas que tendem a agradar trabalhadores e classe média. O que há nesse pacote? O governo flexibilizou as exigências para o saque das contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Agora, trabalhadores poderão sacar todo o saldo de contas do FGTS inativas desde dezembro de 2015. As datas de saque estão sendo definidas e serão divulgadas em fevereiro de 2017. "A medida deve injetar, ao longo de 2017, R$ 30 bilhões na economia, ajudando trabalhadores a quitar suas dívidas. No total, 10,2 milhões podem ser beneficiados com a possibilidade de sacar o fundo de garantia”, estimou Temer.

Além disso, Temer anunciou uma redução dos juros dos cartões de crédito. Em acordo com bancos e operadoras de cartões de crédito, o governo está transformando o cartão de crédito rotativo em parcelado depois do primeiro vencimento, de 30 dias. Com isso, o Palácio do Planalto estima que os juros caiam pelo menos pela metade, de mais de 400% para menos de 200%.

Sete meses no poder

O presidente fez um balanço sobre os primeiros sete meses de sua presidência e comemorou a aprovação de medidas econômicas importantes com votação expressiva mesmo durante a madrugada. A fala serve como resposta aos críticos de seu governo que dizem que o governo aprova medidas “na calada da noite”. “A aprovação da PEC do Teto e a vitória parcial da reforma da Previdência simbolizam o bom diálogo que há entre o Executivo e o Legislativo”, disse.

Ao falar sobre conquistas em outros setores, como a determinação para que a Força Aérea Brasileira (FAB) disponibilize aviões para o transporte de órgãos para transplante, Temer não conseguiu manter o entusiasmo dos colegas da equipe econômica. Arrancou alguns bocejos de Meirelles.

Temer também falou sobre o futuro. Temer foi contundente ao dizer que não renuncia ao cargo de forma alguma. O presidente disse que não economizará recursos caso o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) julgue procedente a ação que pede a cassação da chapa Dilma Rousseff/Michel Temer. Mesmo sinalizando que recorrerá, o peemedebista destacou que respeitará a decisão final do Poder Judiciário.

No primeiro semestre de 2017, o TSE deve julgar uma ação protocolada pelo PSDB, que pede a cassação da chapa Dilma/Temer por suposto abuso de poder político e econômico nas eleições presidenciais de 2014.

As vantagens de ser impopular

Em sua fala, Temer afirmou que há uma vantagem em ser impopular. Nesse cenário, ele se sente mais à vontade para adotar medidas consideradas impopulares, porém necessária para reequilibrar a economia brasileira.

"Um governo com popularidade extraordinária não poderia tomar medidas impopulares. Estou aproveitando a suposta impopularidade para tomar medidas impopulares", disse o presidente. Ao final do café da manhã, Temer fez uma ressalva: ele não abre mão da popularidade e disse que os índices que mostram o desagrado popular com sua gestão não o incomodam.

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