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Temer não vai abafar Lava Jato, diz membro da Fiesp

"A corrupção é muito prejudicial ao bom funcionamento da economia", disse o vice-presidente


	Michel Temer: "a corrupção é muito prejudicial ao bom funcionamento da economia", disse
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Michel Temer: "a corrupção é muito prejudicial ao bom funcionamento da economia", disse (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 31 de março de 2016 às 16h41.

São Paulo - O vice-presidente Michel Temer garantiu a empresários que não haverá qualquer operação "abafa" da Lava Jato, caso ele assuma a Presidência da República após eventual afastamento de Dilma Rousseff, relatou Rodrigo Rocha Loures, presidente do Conselho Superior de Inovação e Competitividade da Fiesp.

Loures participou de almoço a porta fechadas de Temer com conselheiros do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que durou cerca de duas horas nesta quinta-feira, 31.

"Ele (Temer) falou que estava sendo noticiado que haveria um jogo de abafa caso ele viesse a assumir a Presidência, o PMDB viesse a ficar responsável pelo governo do país. Ele afirmou que isso, em absoluto, não vai acontecer porque ele é um constitucionalista, ele respeita as instituições e ele sabe que esse é um processo que ocorre na esfera do poder Judiciário e que ele será o primeiro a respeitar a autonomia desse programa (a Lava Jato). Isso repercutiu muito bem no meio dos empresários" afirmou Loures, que disse haver uma preocupação entre o empresariado para que a institucionalidade brasileira seja recuperada no processo de combate à corrupção.

"A corrupção é muito prejudicial ao bom funcionamento da economia", completou.

Loures disse que Temer não fez qualquer referência aos quadros do PMDB que são investigados na Lava Jato - entre eles estão, por exemplo, Eduardo Cunha e Renan Calheiros, respectivamente presidentes da Câmara e do Senado.

"Não, isso não", respondeu. "Ele só disse que, enquanto vice-presidente e caso venha a ser presidente, ele vai respeitar a autonomia e a dinâmica da Lava Jato. Ele disse também que quando foi constituinte, foi um dos protagonistas dos artigos na Constituição que valorizaram o empoderamento do Ministério Público e as autonomias, então entende que, no regime democrático deve haver equilíbrio dos diversos poderes e que o Executivo deve permitir que o Judiciário funcione."

Segundo o membro da Fiesp - entidade que se mobiliza pelo impeachment -, Temer também justificou aos empresários o desembarque do PMDB do governo Dilma Rousseff, oficializado no dia 29.

Temer teria afirmado aos empresários que um dos motivos foi o governo Dilma não ter aceito as propostas do partido para a economia, no plano de teor liberal chamado "Uma Ponte para o Futuro".

"Ele disse que o atual governo não se sensibilizou pela proposta do PMDB, mas que eles vão prosseguir trabalhando e avançando nesses estudos."

Flávio Rocha, presidente da Riachuelo e conselheiro do Iedi, também relatou que Temer citou a questão para explicar a saída do PMDB da base governista. "O presidente (sic) se disse frustrado pelo governo não ter acatado o 'Ponte para o Futuro' e isso precipitou a saída."

Economia

Como em ocasiões anteriores, em que se reuniu com empresários, Temer defendeu as propostas do programa peemedebista.

Segundo Rocha, o vice-presidente destacou a proposta de fazer as reformas previdenciária e trabalhista, "dando mais força ao que é negociado entre as partes do que o que está legislado", a desvinculação de despesas do orçamento federal, a redução do Estado, o aumento da competitividade e a diminuição da burocracia.

"A voz geral de todos que falaram foi de total apoio ao 'Ponte para o futuro', que é a mais perfeita síntese das reformas, é um projeto para o país. Alguns até parabenizaram a coragem do PMDB em assumir um plano de reformas tão ousado, necessário."

Segundo Rocha, Temer foi convidado pelo Iedi para o encontro. Havia cerca de 40 empresários no espaço reservado de um restaurante em área nobre da capital paulista.

Temer saiu sem falar com a imprensa. Tanto Loures como Rocha se declararam favoráveis ao impeachment de Dilma como opção para "troca de ciclo" no país.

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