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Temer fortalece Maia com trocas no governo

Presidente quer manter uma boa relação com Maia em razão da posição estratégica do deputado

Michel Temer e Rodrigo Mais: presidente deve indicar um nome que tenha aval de Maia para comandar o BNDES (Ricardo Moraes/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de novembro de 2017 às 08h25.

Última atualização em 20 de novembro de 2017 às 10h13.

Brasília - As mudanças no primeiro escalão que o presidente Michel Temer vai anunciar nos próximos dias irá fortalecer o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Além de decidir entregar o Ministério das Cidades a um aliado de Maia, o governo já prepara a troca do comando do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - defendida pelo presidente da Câmara.

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Temer quer manter uma boa relação com Maia em razão da posição estratégica do deputado. Como presidente da Câmara, ele é responsável pelo cronograma de votação do plenário, o que inclui a reforma da Previdência e as medidas fiscais já enviadas pelo governo.

O governo também precisa de Maia para votar os ajustes na reforma trabalhista, na medida provisória enviada pelo Planalto, o que contrariou o deputado, que defendia as mudanças por projeto de lei.

Ontem, Temer foi à casa de Maia para um almoço do qual participou o deputado Alexandre Baldy (sem partido-GO). Um dos principais aliados de Maia, Baldy foi escolhido para substituir Bruno Araújo (PSDB-PE), que entregou o cargo de ministro das Cidades no rastro da crise entre o governo e a cúpula tucana. Parlamentares da base aliada e integrantes do núcleo político do governo também participaram do encontro, que se estendeu por toda a tarde.

Segundo um ministro próximo de Temer, o presidente deve indicar um nome que tenha aval de Maia para comandar o BNDES, maior fonte de financiamento hoje no País.

O atual titular do BNDES, Paulo Rabello de Castro, é alvo de pressão por parte de líderes da base governista. As críticas aumentaram após ele ter sido lançado pelo PSC como pré-candidato à Presidência, durante convenção do partido em Salvador (BA), anteontem.

O argumento é de que Rabello de Castro não pode continuar no cargo sendo pré-candidato. "Ele deve sair para cuidar só da candidatura dele agora", disse o líder do PR na Câmara, José Rocha (BA). "O Paulo Rabello não pode falar e fazer determinadas coisas na presidência do BNDES e continuar no governo. Por mim, ele já estaria fora", afirmou o vice-líder do DEM, deputado Pauderney Avelino (AM).

Temer, porém, ainda não bateu martelo sobre o nome do novo comandante do BNDES. Amigo do presidente, Rabello de Castro assumiu o BNDES em junho, após a saída de Maria Silvia Bastos Marques. A nomeação, contudo, nunca teve a simpatia de Maia.

O presidente da Câmara não gostou de não ter sido consultado pelo governo sobre a escolha. Na época, ele defendia o nome de Luciano Snel, da Icatu Seguros, para o posto.

Rabello de Castro vem sendo alvo de "fogo amigo" desde que assumiu o cargo, por bater de frente com o governo em algumas situações (mais informações nesta página). A principal delas, a antecipação de pagamento ao Tesouro Nacional de empréstimos feitos ao banco de fomento.

Diarista

Ao Estado, o economista afirmou que a cobrança por sua saída "perdeu o objeto", pois não é candidato. Ele disse ter se filiado ao PSC para contribuir com uma "agenda para o debate nacional", mas não descartou se candidatar. "Sou candidato a continuar meu trabalho. No futuro, se o Brasil insistir e se o presidente Temer insistir, posso ter outra missão para cumprir no aspecto político."

Em entrevista durante a convenção partidária, no sábado, o presidente do BNDES afirmou que só se considerará candidato após a convenção do partido. "Meu cargo pertence ao ministro do Planejamento e, por sua vez, é um cargo do presidente. Brinco que sou um presidente diarista", declarou.

No evento, Rabello de Castro, contudo, fez um discurso de candidato: "É preciso coragem para desafios do próximo ano e virada do Brasil para a prosperidade, que nós vamos ter". Mas, ontem, atribuiu o lançamento de sua pré-candidatura à imprensa. "Se eu também fosse da imprensa estaria desejoso de aparecer mais nomes", desconversou.

Além do BNDES, Maia foi prestigiado por Temer na escolha de Baldy para as Cidades. A indicação vinha sendo articulada por Maia desde outubro e tem apoio do PMDB e de partidos do Centrão, entre eles PR, PSD e PP, sigla à qual Baldy irá se filiar no próximo sábado.

No encontro de ontem na casa de Maia foi discutida não só a reforma ministerial, como a da Previdência. Temer também tem ouvido Maia para escolher o substituto de Antonio Imbassahy (PSDB-BA) na Secretaria de Governo.

O PMDB de Minas reivindica o posto e já apresentou ao presidente dois nomes: o dos deputados Mauro Lopes e Saraiva Felipe. Ao deixar o local, Temer fez questão de se deixar filmar ao lado do presidente da Câmara. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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