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Temer e Aécio se articularam para impedir avanço da Lava Jato

Segundo a PGR, atuações iam desde medidas legislativas até o controle da indicação de delegados que atuariam no caso

Michel Temer: inquérito aponta ainda que Temer sugeriu falar com ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sobre pleitos do grupo empresarial (Christopher Goodney/Bloomberg/Bloomberg)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de maio de 2017 às 14h49.

Última atualização em 19 de maio de 2017 às 15h23.

Brasília - A delação da JBS aponta que o presidente Michel Temer (PMDB) e o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) têm atuado para impedir o avanço das investigações da Lava Jato, disse o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao pedir a abertura de inquérito para investigar os dois.

"Verifica-se que Aécio Neves, em articulação, dentre outros, com o presidente Michel Temer, tem buscado impedir que as investigações da Lava Jato avancem, seja por meio de medidas legislativas, seja por meio do controle de indicação de delegados de polícia que conduzirão os inquéritos", escreveu o procurador-geral da República, em despacho assinado no dia 7 de abril.

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato, levantou o sigilo da delação da JBS.

Nesta sexta-feira, 19, foram tornados públicos os depoimentos de delatores, os despachos de Fachin e os pedidos de abertura de inquérito formulados pela Procuradoria-Geral da República.

De acordo com o Janot, os elementos já colhidos apontam pagamentos de propinas ao doleiro Lúcio Funaro e ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ambos presos em decorrência de desdobramentos do caso Lava Jato.

"Eduardo Cunha, ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara dos Deputados, era do mesmo partido do presidente da República, PMDB, e se tornou pública a tentativa de Cunha arrolar o presidente da República como uma de suas testemunhas, fato reconhecido pelo próprio presidente como uma tentativa de constrangê-lo. Depreende-se dos elementos colhidos o interesse de Temer em manter Cunha controlado", ressaltou Janot.

Peculiaridade

Em seu despacho, Janot destaca a "peculiaridade" dos episódios narrados na delação da JBS.

"Diferentemente de episódios anteriores nos quais a colaboração cingia-se a fatos criminosos pretéritos, a presente negociação de acordo trouxe à baila crimes cuja prática ou seu exaurimento estão ocorrendo ou por ocorrer, em datas previstas ou previsíveis. Isso torna obrigatória, em respeito à missão constitucional do Ministério Público, a intervenção imediata para propiciar a cessação das condutas e sua induvidosa e rigorosa apuração", afirmou Janot.

De acordo com Janot, as provas já colhidas indicam o cometimento de crimes de corrupção ativa por Joesley Batista e passiva por Aécio.

"Verificou-se que, por intermédio de sua irmã, Andrea Neves da Cunha, Aécio Neves solicitou propina para Joesley em pelo menos uma oportunidade, consistente no pagamento de R$ 2 milhões, acertado a ser efetivado em parcelas", afirmou Janot.

Andrea foi presa nesta quinta-feira, 18, por determinação de Fachin.

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