Michel Temer: o vice-presidente negou que teria feito a indicação pessoalmente e que conhecesse Henriques à época (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de março de 2016 às 18h31.
Brasília - O vice-presidente da República, Michel Temer, divulgou hoje (16) nota à imprensa para prestar esclarecimentos sobre as declarações relativas a ele feitas pelo senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) em delação premiada.
De acordo com Delcídio, em 1997, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Temer foi o responsável pela indicação de João Henriques para a diretoria da BR Distribuidora, onde foram constatadas irregularidades referentes à compra de etanol.
Na mesma delação, o senador afirmou que, posteriormente, em 2007, Temer indicou Henriques para a diretoria da Petrobras e que, ao não ser atendido, teria concordado com a indicação de Jorge Zelada para o cargo.
Na nota, o vice-presidente negou que teria feito a indicação pessoalmente e que conhecesse Henriques à época. Segundo ele, a apresentação do nome de Henriques foi feita pela bancada do PMDB de Minas Gerais na Câmara.
“O nome não foi aprovado. Posteriormente, indicaram o nome do senhor Jorge Zelada, que foi encaminhado pela mesma bancada e aprovado. Aliás, esse procedimento era rotineiro, já que muitas e muitas vezes vários nomes indicados pelas bancadas eram-me tão somente comunicados. Estes os fatos”, disse Temer.
O vice-presidente também negou participação em negociações ilegais relativas à compra de etanol na diretoria da BR Distribuidora.
“Note-se: não conhecia Henriques e não o poderia ter indicado. Muito menos ter participado de suposto esquema do etanol, do qual só tomo ciência agora. Reitero que o conheci anos depois. Mantive com ele alguns poucos contatos. Repito, portanto, que jamais o apadrinhei e ele jamais solicitou esse apadrinhamento”, acrescentou a nota.
Por fim, Temer se diz “indignado” com as citações de seu nome na delação de Delcídio do Amaral.
“Não admitirei imputações irresponsáveis que atinjam minha honra, maculem minha imagem na vida pública e profissional e minha trajetória na defesa dos princípios democráticos da Constituição Federal. Mas isto não me exime da responsabilidade de esclarecer e, ao mesmo tempo, revelar a mais veemente indignação”, concluiu a nota do vice-presidente.
A delação premiada do ex-lider do governo no Senado foi homologada ontem (15) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavaski, que também retirou o sigilo do documento.
Com isso, as denúncias do senador se tornaram públicas, envolvendo Temer, a presidenta Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), senadores e outras figuras públicas.