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Temer diz que Brasil terá postura mais firme com a Venezuela

O presidente interino, Michel Temer, confirmou que a postura do governo brasileiro com a Venezuela será mais dura

Michel Temer: o Planalto, no entanto, tem evitado se manifestar publicamente sobre o país (Adriano Machado/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2016 às 23h14.

Brasília - Apesar de não receber pessoalmente o líder da oposição venezuelana Henrique Capriles, o presidente interino, Michel Temer , confirmou nesta terça-feira, em reunião com senadores, que a postura do governo brasileiro com a Venezuela será mais dura daqui para frente, informou à Reuters uma fonte palaciana.

Capriles foi recebido em Brasília pelo ministro das Relações Exteriores, José Serra, e também esteve no Senado, num sinal dessa nova relação entre Venezuela e Brasil.

Depois do encontro de Temer com um grupo de senadores, entre eles o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP), Ronaldo Caiado (DEM-GO), José Agripino (DEM-RN) e Ricardo Ferraço (PSDB-ES), a assessoria do presidente do PSDB, senador Aécio Neves, informou em nota que os senadores “defenderam uma postura mais firme do Brasil em relação à questão democrática no continente americano, em especial uma manifestação do governo na próxima reunião da Organização dos Estados Americanos”, e que Temer teria confirmado que essa seria a postura brasileira.

A reunião da OEA, na próxima semana, foi chamada pelo diretor-geral da organização, Luis Almagro, para discutir a situação venezuelana e pode ser usada para invocar a cláusula democrática contra o país.

De acordo com a fonte palaciana, esse foi o tom da conversa, e a visita de Capriles foi um sinal claro do governo interino ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Normalmente, líderes oposicionistas não são recebidos pelos governos brasileiros, mas o governador do Estado de Miranda, ex-candidato à Presidência na Venezuela, estava inclusive previsto na agenda de Temer. O encontro foi cancelado, mas será remarcado.

O Planalto, no entanto, tem evitado se manifestar publicamente sobre o país. Ainda interino, Temer tem preferido a discrição – o que não significa não fazer articulações de bastidores. Uma delas é para tentar impedir que a Venezuela assuma a presidência pró-tempore do Mercosul, como estava previsto, evitando fechar uma data para a próxima reunião do bloco. Inicialmente, a cúpula está prevista para 2 de julho, mas a tendência é que não seja confirmada. Mais cedo, Capriles foi recebido por Serra.

Em declaração depois do encontro, o chanceler afirmou que o governo brasileiro vai tentar fazer um “corredor humanitário” para levar medicamentos à Venezuela, já que a oferta de doação de medicamentos e outros produtos médicos não foi aceita. Ao lado de Capriles, Serra afirmou que a postura do Brasil é de não interferência em assuntos internos dos países – uma postura tradicional da diplomacia brasileira, mas criticou o atual governo venezuelano.

“Para mim, um país que tem preso político não é um país democrático. Um país que tem 80 presos políticos, sem falar de 2.000 processos que correm ameaçando a liberdade das pessoas não é um país que usufrui da democracia, muito claramente”, afirmou.

“Temos uma política de não interferência nas questões internas de outros países, mas nunca podemos ser indiferentes ao atropelo da democracia, ao desrespeito aos direitos humanos e à situação brutal de carências que hoje envolvem a população venezuelana.” Capriles afirmou que a indiferença com que o Brasil tratava a questão venezuelana era dolorosa, mas que não havia vindo ao país pedir nada.

“Não estamos aqui para pedir qualquer coisa. O que nós estamos buscando é o respeito à Constituição. Não estamos buscando algo que não tenha sentido, queremos o diálogo e o que estamos pedindo é o referendo. Ou seja, eleições. A solução para a crise que vivemos é uma consulta popular. O povo venezuelano precisa ter a decisão em suas mãos”, disse.

A Venezuela sofre com uma brutal e prolongada desaceleração econômica, longas filas para comprar alimentos e medicamentos e uma inflação elevada, o que gerou protestos e pedidos da oposição pela convocação de um referendo para retirar Maduro, uma medida prevista na Constituição do país.

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Brasília - Apesar de não receber pessoalmente o líder da oposição venezuelana Henrique Capriles, o presidente interino, Michel Temer , confirmou nesta terça-feira, em reunião com senadores, que a postura do governo brasileiro com a Venezuela será mais dura daqui para frente, informou à Reuters uma fonte palaciana.

Capriles foi recebido em Brasília pelo ministro das Relações Exteriores, José Serra, e também esteve no Senado, num sinal dessa nova relação entre Venezuela e Brasil.

Depois do encontro de Temer com um grupo de senadores, entre eles o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP), Ronaldo Caiado (DEM-GO), José Agripino (DEM-RN) e Ricardo Ferraço (PSDB-ES), a assessoria do presidente do PSDB, senador Aécio Neves, informou em nota que os senadores “defenderam uma postura mais firme do Brasil em relação à questão democrática no continente americano, em especial uma manifestação do governo na próxima reunião da Organização dos Estados Americanos”, e que Temer teria confirmado que essa seria a postura brasileira.

A reunião da OEA, na próxima semana, foi chamada pelo diretor-geral da organização, Luis Almagro, para discutir a situação venezuelana e pode ser usada para invocar a cláusula democrática contra o país.

De acordo com a fonte palaciana, esse foi o tom da conversa, e a visita de Capriles foi um sinal claro do governo interino ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Normalmente, líderes oposicionistas não são recebidos pelos governos brasileiros, mas o governador do Estado de Miranda, ex-candidato à Presidência na Venezuela, estava inclusive previsto na agenda de Temer. O encontro foi cancelado, mas será remarcado.

O Planalto, no entanto, tem evitado se manifestar publicamente sobre o país. Ainda interino, Temer tem preferido a discrição – o que não significa não fazer articulações de bastidores. Uma delas é para tentar impedir que a Venezuela assuma a presidência pró-tempore do Mercosul, como estava previsto, evitando fechar uma data para a próxima reunião do bloco. Inicialmente, a cúpula está prevista para 2 de julho, mas a tendência é que não seja confirmada. Mais cedo, Capriles foi recebido por Serra.

Em declaração depois do encontro, o chanceler afirmou que o governo brasileiro vai tentar fazer um “corredor humanitário” para levar medicamentos à Venezuela, já que a oferta de doação de medicamentos e outros produtos médicos não foi aceita. Ao lado de Capriles, Serra afirmou que a postura do Brasil é de não interferência em assuntos internos dos países – uma postura tradicional da diplomacia brasileira, mas criticou o atual governo venezuelano.

“Para mim, um país que tem preso político não é um país democrático. Um país que tem 80 presos políticos, sem falar de 2.000 processos que correm ameaçando a liberdade das pessoas não é um país que usufrui da democracia, muito claramente”, afirmou.

“Temos uma política de não interferência nas questões internas de outros países, mas nunca podemos ser indiferentes ao atropelo da democracia, ao desrespeito aos direitos humanos e à situação brutal de carências que hoje envolvem a população venezuelana.” Capriles afirmou que a indiferença com que o Brasil tratava a questão venezuelana era dolorosa, mas que não havia vindo ao país pedir nada.

“Não estamos aqui para pedir qualquer coisa. O que nós estamos buscando é o respeito à Constituição. Não estamos buscando algo que não tenha sentido, queremos o diálogo e o que estamos pedindo é o referendo. Ou seja, eleições. A solução para a crise que vivemos é uma consulta popular. O povo venezuelano precisa ter a decisão em suas mãos”, disse.

A Venezuela sofre com uma brutal e prolongada desaceleração econômica, longas filas para comprar alimentos e medicamentos e uma inflação elevada, o que gerou protestos e pedidos da oposição pela convocação de um referendo para retirar Maduro, uma medida prevista na Constituição do país.

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