Michel Temer: presidente afirmou que uma eventual terceira denúncia contra ele seria ainda mais "pífia" que as anteriores (Adriano Machado/Reuters)
Reuters
Publicado em 4 de maio de 2018 às 13h51.
Última atualização em 4 de maio de 2018 às 13h53.
Brasília - O presidente Michel Temer afirmou nesta sexta-feira que uma eventual terceira denúncia contra ele seria ainda mais "pífia" que as anteriores, rejeitadas pelo Congresso, e não teria chance de prosperar.
Em uma longa entrevista à Empresa Brasileira de Comunicação, rede de rádios e tevê estatal, Temer disse que as conversas sobre uma terceira denúncia a ser apresentada pela Procuradoria-Geral da República com base no chamado inquérito dos portos são apenas uma campanha para tentar enfraquecer o governo.
"É uma mera hipótese. É uma campanha oposicionista paratentar desvalorizar o governo. Ela não tem a menor possibilidade de prosperar, eu diria que é mais pífia, de menor dimensão até do que as denúncias anteriores", garantiu.
Temer é investigado pela Polícia Federal sob suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na edição de decreto para prorrogar os contratos de concessão e arrendamento portuários, que teria beneficiado a empresa Rodrimar, que teria feito pagamentos ao MDB em troca do decreto, de acordo com as investigações. O presidente nega que o decreto tenha beneficiado a Rodrimar e que tenha recebido pagamentos da empresa.
"Não tenho nenhuma preocupação. Há apenas uma campanha deliberada para dizer 'ah, pode vir uma terceira denúncia'. Isso é para tentar enfraquecer o governo. Se nós resistimos até hoje, imagine se não podemos resistir mais quatro, cinco, seis meses", disse.
O presidente foi perguntado ainda sobre o vazamento de informações no inquérito em que é investigado. Tramitando no Supremo Tribunal Federal, o inquérito está sob sigilo.
Temer reclamou, como já fez em outras ocasiões, que sua defesa pede acesso aos autos, e é negado por causa do sigilo das investigações, mas que depois vê informações sigilosas publicadas nos jornais, e criticou a Polícia Federal.
"A PF não pode intervir nos processos por meio de vazamentos. Vazamentos em processos sigilosos não podem acontecer, na PF ou em qualquer outro setor", disse.
Temer voltou a dizer que não tomou ainda uma decisão sobre ser ou não candidato à reeleição, e que tem até julho para isso. Perguntado se a má reação a sua tentativa de visitar o local do desabamento em São Paulo o levaria a reconsiderar a ideia de reeleição, Temer negou.
"Não seria esse fato que me faria desistir de reeleição. Eu posso não ir para reeleição na medida em que eu comece a perceber o seguinte: você tem muito candidatos... no chamado centro tem seis, sete, oito candidaturas, o que não é útil", disse.
Temer tem repetido que só irá decidir se será ou não candidato à reeleição em julho, no limite para as convenções partidárias. Enquanto isso, o MDB também trabalha com o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, como possível candidato do partido.