Temer defende semiparlamentarismo no Brasil e fim da reeleição
Ex-presidente também disse ser "muito a favor de um mandato no presidencialismo de cinco ou seis anos sem reeleição"
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de setembro de 2020 às 10h39.
Última atualização em 16 de setembro de 2020 às 11h35.
O ex-presidente Michel Temer disse defender, além do fim da reeleição para os mandatos presidenciais, a tese do semiparlamentarismo para o Brasil, sistema político em que o presidente da República dividiria espaço com um primeiro-ministro.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o ex-presidente disse ser "muito a favor de um mandato no presidencialismo de cinco ou seis anos sem reeleição".
Temer comentava a opinião do também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em artigo publicado no Estadão, no qual o tucano disse ter sido "um erro" permitir a reeleição.
"Ou se amplia para cinco ou seis anos o tempo de mandato presidencial para manter o presidencialismo ou se faz uma coisa mais radical para o futuro, que é estabelecer um sistema semipresidencialista ou semiparlamentarista, onde se elimina os traumas institucionais de impedimentos, por exemplo", disse Temer, que ascendeu à Presidência da República após impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
"Os governos caem no parlamentarismo com muita tranquilidade. Portanto, seria o melhor caminho ao meu modo de ver", completou Temer.
O ex-presidente Michel Temer também afirmou que o atual mandatário Jair Bolsonaro agiu "muito bem" em evitar a redução de valores em programas assistenciais já existentes para viabilizar a criação do Renda Brasil.
Temer afirmou que Bolsonaro precisa encontrar outros meios e modos para elevar o valor concedido através do programa Bolsa Família. "Achei oportuníssimo ideias do presidente de dar aumento muito acima da inflação", disse Temer que ressalvou os limites orçamentários impostos pelo teto de gastos.
Na quarta-feira, 15, Bolsonaro compartilhou vídeo pelas redes sociais em que afirmou ter sido surpreendido pela possibilidade de congelamento de aposentadorias e cortes em benefícios para viabilizar o Renda Brasil e disse proibir, até 2022, dentro do seu governo, que se fale no programa. Relatou também que dará "cartão vermelho" a quem propuser cortes em aposentadoria.
Segundo Temer, Bolsonaro "teve a reação que é comum nele: uma reação imediata". "E a reação imediata neste particular foi útil porque não se pode pensar em onerar aqueles que já são onerados historicamente no nosso país: aposentados, que ganham pouco, deficientes etc.", afirmou o ex-presidente.