Tarifa zero neste momento é um equívoco, diz Tabata Amaral
Pré-candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PSB, deputada deu entrevista à EXAME
Publicado em 18 de março de 2024 às 14h38.
Última atualização em 18 de março de 2024 às 16h40.
Pré-candidata à Prefeitura de São Paulo, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) disse que a ideia de dar passagem grátis nos ônibus não é mais adequada neste momento.
"O momento não é de tarifa zero. O sistema está muito desorganizado. De que adianta dizer que o ônibus é prioridade se tem trecho que é mais rápido ir a pé do que de ônibus? Então, eu acho equivocado do Nunes e do Boulos falarem em tarifa zero neste momento. A gente já coloca 10 bilhões de reais na área de transporte, em um contexto em que a frota está quebrada, a frota está menor [em relação ao que era antes da pandemia]. Imagina trazer mais pessoas nesse sistema que já está caótico e disfuncional?", disse Tábata, durante entrevista à EXAME. A revista realiza uma série de conversas em vídeo com os pré-candidatos na disputa paulistana.
Tabata disse que a tarifa zero deve ser debatida no futuro, mas que a prioridade agora, para ela, deve ser fazer investimentos para que o sistema funcione melhor, como ter ônibus que passem no horário e consigam chegar mais rápido ao destino, com o aumento de corredores e faixas exclusivas. "Não é ciência de foguete, é GPS", comparou.
A deputada considera que foi um erro grave da gestão de Ricardo Nunes permitir que o governo do Estado aumentasse a tarifa do metrô, para R$ 5 em janeiro deste ano, enquanto os ônibus custam R$ 4,40. A mudança colocou fim à uma paridade que se mantinha há mais de dez anos, e pode fazer com que mais gente prefira usar os ônibus em vez dos trilhos, sobrecarregando o sistema.
Ela defendeu também um redesenho das linhas, para evitar sobreposições com o metrô, e ampliar a integração entre os diferentes sistemas de transporte, como os que atendem a região metropolitana.
Na entrevista, a deputada disse ainda que a segurança será sua prioridade em uma possível gestão. "Não tem como a gente fazer negócio e crescer em uma cidade que o trabalhador não está seguro no ponto de ônibus a caminho do trabalho, em que um comerciante perde toda a mercadoria porque tem um arrastão no centro', disse.
Tabata defende que, embora a segurança pública seja uma atribuição principal do governo estadual, a prefeitura deveria colaborar mais em áreas como a zeladoria. "Uma cidade escura, com lixo acumulado, pichada e bagunçada atrai o crime", apontou. "Se a gente apostar em educação em tempo integral, cai pela metade a taxa de homicídio entre os jovens."
Ainda sobre educação, ela propõe que as creches fiquem abertas por mais tempo, para que os pais e mães que chegam mais tarde do trabalho consiga ir buscar os filhos com mais tranquilidade.
Tabata, 30, é formada em ciências políticas pela Universidade Harvard. Entrou na política em 2018, quando foi eleita deputada federal pelo PDT com 264 mil votos. Em 2021, foi para o PSB, partido pelo qual foi reeleita em 2022, com 337 mil votos.
Eleições 2024 na EXAME
A entrevista com a pré-candidata à prefeitura de São Paulo é a segunda da série de entrevista com os principais concorrentes ao comando da capital paulista. Os possíveis candidatos ao comando da capital paulista foram convidados para conversar ao vivo nos nossos estúdios. A data e horário será de acordo com a agenda do pré-candidato. Além de entrevistas, programas quinzenas vão analisar e trazer bastidores das campanhas das capitais brasileiras, com olhar especial para São Paulo, cidade onde fica localizada a redação da EXAME.
As eleições 2024 estão marcadas para acontecer no dia 6 de outubro. O segundo turno, marcado para 27 de outubro, acontece somente em cidades com mais de 200 mil eleitores para o cargo de prefeito, caso nenhum candidato atinja 50% mais um dos votos válidos.