Tarcísio celebra 100 dias com estudo de venda da Sabesp
Com o objetivo de se desvencilhar de rótulos ideológicos, o chefe do Executivo paulista apostou em uma carteira de privatizações como marca própria
Agência de notícias
Publicado em 11 de abril de 2023 às 08h34.
Eleito na esteira da polarização nacional, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), colecionou acenos à base e à oposição ao completar cem dias de mandato. Com o objetivo de se desvencilhar de rótulos ideológicos, o chefe do Executivo paulista apostou em uma carteira de privatizações como marca própria.
Na segunda-feira, 10, Tarcísio assinou contrato com o IFC, agência ligada ao Banco Mundial , para a realização de estudos sobre a privatização da Sabesp e ainda afirmou que receberá o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de "braços abertos".
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A cena em que Tarcísio quase quebrou o martelo da B3 no leilão do trecho norte do Rodoanel traduz o perfil que busca imprimir como gestor público. Para tirar as desestatizações do papel, o governador lançou uma carteira de projetos de venda de ativos. No caso da Sabesp, porém, o processo levará a uma "batalha campal" a ser travada na Assembleia Legislativa, segundo aliados.
De acordo com o governador, uma possível privatização da companhia de saneamento básico não implica a venda total da participação societária do Estado. Ele lembrou que 49,7% do capital da companhia já é privado.
"Não é se desfazer do controle para se desfazer. É se desfazer para proporcionar melhor serviço ao cidadão. Vamos agora estudar (a privatização) e, quando a gente tiver clareza do que vai ser modelado, a gente segue em frente e vamos ter condição de convencer as pessoas de que esse caminho é um bom caminho", afirmou Tarcísio em evento da marca dos cem dias do governo. A venda da Sabesp, por exemplo, poderia significar aumento de R$ 40 bilhões no caixa.
Articulação
Tarcísio delegou a articulação política ao presidente do PSD e secretário de Governo, Gilberto Kassab. O governador assumiu com o desafio de criar um grupo político próprio, com técnicos e caciques de siglas, num complexo arranjo de forças resultante do palanque formado por Kassab e Bolsonaro. No período de cem dias, emitiu sinais amplos, como elogios a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), e sancionou projeto de lei criticado pela direita que garante distribuição de medicamento à base de canabidiol na rede pública.
"O Tarcísio é de centro-direita. Ponto. A tendência é a de sempre continuar pelo centro. Ele não será pressionado pelos extremistas", disse o secretário de Projetos Estratégicos, Guilherme Afif.
Na segunda-feira, Tarcísio anunciou convite para Bolsonaro visitar o Palácio dos Bandeirantes. "Se vier a São Paulo, será muito bem-recebido, vou recebê-lo de braços abertos", disse. "Já fiz o convite para ele vir aqui no palácio. É um amigo que eu tenho, uma pessoa de confiança para mim, me abriu portas que ninguém abriria, me tornou ministro e sempre me incentivou muito."