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Suspensão de importação de carne não deve ser longa, diz AEB

Por ser um dos maiores fornecedores de carne bovina do mundo, a suspensão das importações do Brasil não devem perdurar

Operação Carne Fraca: na avaliação do presidente da AEB, nos próximos dias, devem ser esclarecidos que apenas uma parte dos frigoríficos brasileiros têm problemas (Ricardo Moraes/Reuters)
AB

Agência Brasil

Publicado em 20 de março de 2017 às 20h06.

A suspensão das importações de carne do Brasil por causa das irregulares em frigoríficos investigadas pela Operação Carne Fraca não deve ser longa.

A avaliação é do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.

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A China suspendeu hoje a entrada de carne brasileira no país até que o Brasil preste esclarecimentos sobre a operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) na sexta-feira (17).

Foi o primeiro país a oficializar a interrupção na compra do produto brasileiro.

Na avaliação do presidente da associação, nos próximos dias, devem ser esclarecidos que apenas uma parte dos frigoríficos brasileiros têm problemas.

"Na verdade, nós tratamos a todos de forma igual. E isso gerou um problema. Um país como o Brasil, que exporta para 150 países, tem que ter uma confiança, credibilidade e normas sanitárias coerentes com esse volume de exportação".

Castro lembrou que o Brasil é um dos maiores fornecedores de carne bovina do mundo, e outros países não conseguem suprir a demanda global e, por isso, a suspensão das importações não devem perdurar.

"Se sai o Brasil, Estados Unidos e Austrália não têm como complementar as vendas do Brasil. Carne de frango, são só Estados Unidos e Brasil. Então, é difícil".

Por isso, ele acredita que a suspensão das importações não se estenderá por longo tempo, porque não há países alternativos para fornecer o que o Brasil fornece hoje.

O país terá, entretanto, grande prejuízo em termos de preço de exportação, "que vai cair, porque faz parte do jogo, infelizmente".

No entanto, a suspensão deve provocar queda do preço e da quantidade exportada.

Já o advogado José Nantala Bádue Freire, especialista em direito internacional e compliance (agir conforme regras de controle interno e externo) acredita em um impacto maior nas exportações brasileiras.

Ele lembrou que o Brasil encontrou dificuldades em retomar o volume de vendas para o mercado internacional após embargos na Europa e em países do Oriente Médio, como o Irã, por causa da qualidade da carne e o mal da vaca louca, doença que afetou o gado de alguns países sul-americanos.

"Demorou bastante para os países levantarem os embargos à carne brasileira".

De acordo com ele, os países importadores podem suspender as compras em decorrência da investigação e até que as dúvidas sobre o processo de produção da carne brasileira sejam sanadas.

Nesses casos, de suspeita de irregularidades, o advogado destaca que os países acabam aaplicando medidas protecionistas, favorecendo os produtos nacionais em detrimento dos brasileiros.

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