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Supremo decide futuro de Janot em investigações contra Temer

ÀS SETE - Ministros julgam um recurso da defesa do presidente, que pede a suspeição do procurador para atuar em investigações relacionadas a ele

Janot: o ministro do Supremo Edson Fachin entendeu que não houve indícios de parcialidade do procurador-geral (Adriano Machado/Reuters)

Janot: o ministro do Supremo Edson Fachin entendeu que não houve indícios de parcialidade do procurador-geral (Adriano Machado/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2017 às 06h20.

Última atualização em 13 de setembro de 2017 às 07h32.

Rodrigo Janot é definitivamente o assunto da semana. Nesta quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal julga um recurso da defesa do presidente Michel Temer, que pede a suspeição do procurador-geral da República para atuar em investigações relacionadas a ele, e um pedido para suspender a denúncia contra o presidente que está prestes a ser apresentada ao tribunal.

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Segundo o advogado do peemedebista, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, Janot extrapola os “limites constitucionais e legais inerentes ao cargo que ocupa”.

Em decisão liminar no último dia 30 de agosto, o ministro do Supremo Edson Fachin entendeu que não houve indícios de parcialidade do procurador-geral. A tendência indicada pelos ministros desde então é que a decisão será acompanhada e Janot mantido nos processos que envolvem Temer.

Ainda que a imagem esteja desgastada perante o Supremo, com o surgimento dos áudios escondidos pelos delatores do grupo J&F e o encontro misterioso com um advogado do empresário Joesley Batista, num bar, a maioria dos ministros entendem que não vale desautorizar Janot em sua última semana de mandato.

Confirmado este entendimento, os ministros também não devem anular as provas obtidas no acordo com Joesley e Ricardo Saud.

Esperando o julgamento nesta quarta, o dia de ontem foi uma cruzada de argumentos entre Janot e governistas. O procurador-geral, em discurso, disse que “muitas pernas tremem” com o avanço das investigações, que o processo é importante para a “formação ética” de uma nova geração e sua deslegitimação pública “aniquila sonhos de dias melhores”.

“Como não há escusas para os fatos que vieram à tona, tantos são os fatos e escancarados, que a estratégia de defesa tem sido tentar desacreditar a figura das pessoas encarregadas do combate à corrupção”, afirmou.

“Nunca se viu tantas investigações abertas, tantos agentes públicos e privados investigados, processados e presos”

O procurador-geral ainda pretende enviar, até sexta-feira, uma segunda denúncia contra Temer, por organização criminosa e obstrução de Justiça, incluindo a delação premiada de Lúcio Funaro.

Por isso, o presidente Michel Temer respondeu, de forma indireta, a Janot e à Polícia Federal, que apresentou relatório que o vincula a esquemas de corrupção no “quadrilhão do PMDB”, ao lado de seus ministros, Eliseu Padilha e Moreira Franco, e de ex-deputados federais presos, como Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves.

“Chega-se ao ponto de se tentar condenar pessoas sem sequer ouvi-las. Portanto, sem se concluir investigação, sem se apurar a verdade, sem verificar a existência de provas reais”, diz Temer em nota.

“E, quando há testemunhos, ignora-se toda a coerência de fatos e das histórias narradas por criminosos renitentes e persistentes. Facínoras roubam do país a verdade”.

A campanha contra o procurador está viva no Judiciário. No julgamento de hoje, o mesmo argumento para gerar descrédito deve fazer parte da fala de Gilmar Mendes.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, outros dois ministros estão indispostos com o trabalho de Janot e a exposição gerada pelo áudio de Joesley ao tribunal.

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