Apoiadores do governo Dilma Rousseff durante ato em defesa do governo no Rio de Janeiro (Ricardo Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2015 às 21h07.
Rio - O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, desafiou a presidente Dilma Rousseff a sair "do palácio" e "ouvir o povo" durante ato em defesa da Petrobras, hoje, no centro do Rio.
Ele disse ainda que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é um infiltrado no governo petista. Apesar do tom crítico, ele voltou a atacar o que chamou de tentativa de golpe, referindo-se aos protestos pró-impeachment marcados para amanhã. "Vamos engraxar as botas para voltar a ocupar as ruas do Brasil."
A manifestação, que prometia ser também uma espécie de desagravo à presidente, deu espaço a críticas à política econômica e aos cortes de direitos trabalhistas. "Não aceitaremos redução de nenhum direito da classe trabalhadora. Para enfrentar a crise é preciso acabar com a transferência de juros dos bancos. E usar esse dinheiro para fortalecer os investimentos produtivos. Por isso, dona Dilma, se tem coragem, saia do Palácio e vem aqui para a rua para ouvir o que o povo quer de mudança", discursou Stédile.
Pelo menos 1.500 pessoas participaram do ato, segundo a Polícia Militar (PM). Organizadores não haviam divulgado estimativa até as 20h. Convocada por centrais sindicais, a manifestação reuniu petroleiros, estudantes, bancários, metalúrgicos, enfermeiros e funcionários demitidos do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Moradores de Campos e Macaé, cidades no Norte Fluminense, chegaram em 20 ônibus. Um militante disse que parte do grupo recebeu R$ 70 para participar do ato, além de lanche (Guaravita, biscoito e maçã). Todos vestiam camisas laranjas do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindpetro- NF) e com inscrição em defesa da Petrobras.
Donas de casa e aposentadas que chegaram nos ônibus ficaram sentadas na escadaria da Câmara dos Vereadores. "Concordo com tudo o que estão dizendo, mas vim mesmo conhecer o Rio", disse uma mulher, que não quis se identificar. Ela negou ter recebido dinheiro. "Trouxemos pessoas que direta ou indiretamente foram afetadas pela crise da Petrobras. Não procede a informação de que manifestantes foram pagos. Não fazemos isso. Mas cada um responde por si", disse o diretor do Sindpetro-NF, Leandro Ferreira.
Apesar do tom crítico ao governo, Stédile lembrou que Dilma foi eleita democraticamente. "Estamos dizendo para a burguesia: vocês não se atrevam a falar em golpe. Nós estamos aqui para defender a democracia e o direito legítimo do povo de defender seu governante." Ele criticou ainda os episódios de corrupção na Petrobrás e o benefício da delação premiada;
"Estamos aqui por causa da corrupção na Petrobras. Meia dúzia de gerentes filhos da (...) botaram as mãos no dinheiro. (...) Lugar de ladrão é na cadeia e não com delação premiada para se livrar da lei", disse Stédile, que defendeu a proibição do financiamento privado de campanha e exortou os manifestantes a voltarem às ruas.
Também discursaram políticos como o ex-presidente nacional do PSB Roberto Amaral. "Não haverá um novo 64, porque já estamos nas ruas. A Petrobras não pertence ao governo ou aos investidores, pertence ao povo. Ninguém vai tirar um dia do mandato da presidente Dilma", discursou Amaral, cujo partido apoiou Aécio Neves (PSDB) no segundo turno.
Participaram ainda os deputados federais Glauber Braga(PSB-RJ), Jandira Feghali (PCdoB-RJ)e Alessandro Molon (PT-RJ) e o prefeito de Maricá, Washington Quaquá, presidente do PT-RJ.
Depois dos discursos, os manifestantes caminharam até a Petrobras e fizeram um abraço simbólico à sede da empresa. O ato terminou sem registro de tumultos.