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Sob pressão, Lula vai à Amazônia para anunciar medidas contra queimadas e secas

Em reunião com prefeitos de municípios afetados, presidente vai anunciar crédito extraordinário para bancar uma operação que se torna cada dia mais cara

Agência o Globo
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Publicado em 10 de setembro de 2024 às 11h53.

Última atualização em 10 de setembro de 2024 às 12h03.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia uma série de agendas oficiais na Amazônia nesta terça-feira, 10, pressionado a dar respostas contra a seca e as queimadas que atingem a região e diante da falta de estrutura do governo e do desafio logístico para uma ação efetiva. Integrantes do Executivo admitem que não há apoio suficiente para uma situação como a que o país está enfrentando, mas ressaltam que há uma grande mobilização para mitigar os efeitos da crise climática e da ação humana.

Desde junho, o governo montou uma sala de situação com integrantes de diversos ministérios para tentar levar adiante iniciativas que contenham queimadas e os efeitos da seca pelo país. Um dos integrantes desse colegiado, afirma que é "inacreditável" o ponto a que se chegou com o avanço do fogo ao longo desse período.

No voo de Brasília a Manaus no final da tarde de segunda-feira, Lula demonstrou muita preocupação aos auxiliares e pode ver, do avião presidencial, a fumaça que toma conta da região. Com dificuldade de deslocamento dentro da região amazônica, o presidente também demonstrou temor de não conseguir chegar até as comunidades que pretendia visitar nesta terça-feira.

Segundo integrantes do Ministério do Meio Ambiente (MMA), é a primeira vez que o governo elabora um plano de prevenção às queimadas do Pantanal e há avaliação que em 2023 foi possível fazer frente às queimadas, seguindo os alertas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Agora, no entanto, a situação é mais grave.

Em 2024, foi envolvido um contingente de equipamentos e brigadistas que jamais haviam sido mobilizados para atuar no Pantanal — frentes de 25 quilômetros de extensão de queimadas chegaram a ser enfrentadas. O entorno da ministra Marina Silva avalia, no entanto, que mesmo que houvesse uma quantidade maior de recursos disponíveis, é necessário que governos estaduais, municipais e Congresso atuem de maneira mais contundente.

O avanço da gravidade da situação fez o governo mudar a estratégia de atuação com governadores. Inicialmente, Lula chamaria chefes dos executivos de áreas da Amazônia e do Cerrado para conversas em conjunto no Palácio do Planalto. O próprio presidente enxergou a necessidade de ir pessoalmente até a Amazônia visitar as áreas atingidas. O estado do Amazonas tem quase 400 comunidades isoladas e sem acesso à água potável devido à seca dos rios.

"É uma crise humanitária. Faltam mantimentos, água e medicamentos para comunidades. Os rios da margem direita do Amazonas estão todos secos. Uma crise que deve perdurar até o final do ano. Se o clima mantiver algum padrão, deverão ocorrer chuvas esparsas na Amazônia em outubro, o que resolveria o fogo, mas não o enchimento das calhas. Chuva boa só em dezembro. Até lá, essas populações estão sem comida e sem água", afirma o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho.

Ao invés de chamar um grupo de governadores para conversar, o Planalto se convenceu de que a situação nos estados é distinta: enquanto o Amazonas tem pior situação do ponto de vista da seca, Mato Grosso e Tocantins sofrem com o problema do fogo. Com visita na região, Lula quer mobilizar governadores e editar o decreto que regulamenta a Lei de Manejo Integrado do Fogo.

Em reunião com prefeitos de municípios afetados, Lula vai anunciar crédito extraordinário para bancar uma operação que se torna cada dia mais cara. Transporte de água, mantimentos e brigadistas, que antes era feito por embarcações, agora depende cada vez mais de helicópteros e aeronaves para chegar até comunidades ribeirinhas e locais remotos que estão isolados.

O desafio logístico também se dá devido à limitação de aeronaves disponíveis no país e ao alto custo. Aviões particulares foram usados para conter o fogo no Pantanal. O governo gasta, em média, R$ 10 milhões a cada duas semanas com a contratação desse serviço. O envio de aeronaves para regiões com focos de incêndio também depende de estudo prévio de local para pouso e pontos de abastecimento de combustível e água.

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