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Só discuti com Léo Pinheiro sobre cozinha do sítio, diz Lula

O petista declarou que o ex-presidente da OAS o visitou em São Bernardo do Campo

Lula: o ex-presidente é acusado de receber vantagens ilícitas da OAS por meio do triplex no Guarujá e de armazenar bens do acervo presidencial, de 2011 a 2016 (Leonardo Benassatto/Reuters)

Lula: o ex-presidente é acusado de receber vantagens ilícitas da OAS por meio do triplex no Guarujá e de armazenar bens do acervo presidencial, de 2011 a 2016 (Leonardo Benassatto/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de maio de 2017 às 16h13.

São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta quarta-feira, 10, durante seu interrogatório ao juiz federal Sérgio Moro que o empreiteiro José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, o visitou em São Bernardo do Campo - município do ABC paulista onde mora o petista.

Mas Lula declarou que "não lembrava" da visita.

O procurador Roberson Pozzobon, um dos três membros da força-tarefa da Lava Jato que participaram do interrogatório do petista - perguntou a Lula se Léo Pinheiro havia ido ao apartamento do ex-presidente.

"Visitou, eu nem me lembrava da visita. É que eu vi no depoimento dele, ele dizendo que foi lá em casa e depois eu vi o dr. Paulo, que eu não sabia que era Paulo Gordilho, só sabia que era Paulo, que diz que foi lá em casa. Como os dois disseram, eu não me lembro, mas eles disseram que foram, eu também não quero desmentir. Se foram, foram. E não discutiram, e não discutiram apartamento (triplex do Guarujá). A minha afirmação é categórica. Eu discuti o apartamento duas vezes", declarou.

Em depoimento a Moro, em abril, o executivo Paulo Gordilho, ligado à OAS, contou que foi a São Bernardo do Campo, mostrar a Lula dois projetos relacionados ao sítio Santa Bárbara, de Atibaia, no interior de São Paulo, e ao triplex 164-A, no Guarujá, no litoral paulista.

A Operação Lava Jato atribui as duas propriedades ao petista, que nega.

O procurador Julio Noronha quis saber o que o ex-presidente e os empreiteiros discutiram na ocasião.

"Eu acho que eles tinham ido discutir a questão da cozinha, que também não é assunto para discutir agora, lá de Atibaia. Eu acho", afirmou o petista.

Pozzobon pegou a palavra e relatou a Lula que os empreiteiros informaram que, na ocasião, teria havido uma discussão também sobre o triplex do Guarujá.

"Você também ouviu o dr. Paulo Gordilho dizer que ele notou que a gente nem estava entendendo que ele estava falando do projeto. Ele disse isso no depoimento", replicou Lula.

Pozzobon insistiu no conteúdo da discussão no encontro no apartamento de Lula em São Bernardo.

"Eu não tenho a menor noção. Só discuti apenas a questão da cozinha. Eu vou dizer para você, nunca mais depois que eu visitei o prédio, nunca mais eu discuti triplex", enfatizou o petista.

Lula foi interrogado em ação penal na qual é réu também o ex-presidente da OAS.

O petista é acusado de receber R$ 3,7 milhões em benefício próprio - de um valor de R$ 87 milhões de corrupção - da empreiteira, entre 2006 e 2012.

As acusações contra Lula são relativas ao suposto recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira OAS por meio do triplex no Guarujá, no Condomínio Solaris, e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, de 2011 a 2016.

Gordilho prestou depoimento a Moro em abril. O executivo narrou que foi a São Bernardo, onde mora Lula, acompanhado do ex-presidente da OAS.

Segundo o executivo, nesta ocasião, foram mostrados a Lula e dona Marisa (morta em fevereiro passado vítima de um AVC) o projeto para as duas propriedades.

"O sítio de Atibaia, na realidade, não era nem um projeto, que o projeto a Kitchens fez. Mas ela fez umas plantas decoradas que até um leigo completo saberia ver, que é ver uma foto de uma cozinha pronta apesar de não estar pronta, estar desenhada, colorida, né, com prato, talher, tudo em cima, mas uma foto de arquitetura, não era um projeto em si", disse.

"Neste dia lá em São Bernardo do Campo foi mostrado os dois", disse Lula.

"Para o ex-presidente?", quis saber Moro.

"É", respondeu Gordilho.

"Houve concordância com o projeto?", questionou o magistrado.

"Eu diria que houve, porque tanto que foi feito. Mas, vamos dizer assim, eles não entenderam bem. Tirando a cozinha de Atibaia que era uma foto, não pode também exigir que dona Marisa e o ex-presidente conheçam projeto de planta baixa, corte de um projeto de arquitetura, entendeu?", disse o executivo.

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