Skaf reage à tentativa de Temer em fazer ponte com o PSDB
O pré-candidato emedebista ao governo do Estado discorda da estratégia de uma chapa unificada do centro para a disputa presidencial
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de abril de 2018 às 10h35.
São Paulo - Com aval do presidente Michel Temer , representantes do Palácio do Planalto voltaram a admitir a possibilidade de uma chapa unificada do centro para a disputa presidencial.
A articulação passaria por um acordo similar em São Paulo, maior colégio eleitoral do País, o que deixou em alerta o empresário Paulo Skaf, pré-candidato emedebista no Estado. Ele decidiu antecipar o lançamento oficial de sua pré-candidatura para o dia 5 de maio.
Aliados de Temer reconhecem que a candidatura à reeleição do presidente tem como prazo de validade a primeira semana de julho, tendo em vista o atual desempenho dele nas pesquisas de intenção de voto (2% no melhor cenário da mais recente pesquisa Datafolha) e o risco de ele ser denunciado pela terceira vez pela Procuradoria-Geral da República.
Se os índices de intenção de voto permanecerem no mesmo patamar até lá, tanto o MDB como o governo federal tendem a declarar apoio a outro candidato do mesmo campo político. O governo, porém, pressiona Geraldo Alckmin (PSDB) para que o ex-governador de São Paulo defenda o "legado" do presidente na campanha.
O assunto foi tratado nos bastidores no 17.° Fórum Empresarial do Lide, evento que reuniu empresários e políticos de centro-direita na semana passada no Recife.
"Alckmin vai ter que assumir claramente suas posições. Dependendo de quais forem elas, ele pode ser uma alternativa para o governo. Mas ninguém ganha eleição em cima do muro", disse o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, em conversa com jornalistas no evento empresarial.
Ainda segundo Marun, o governo pode conversar também com outros pré-candidatos à Presidência que aceitem defender na campanha a atual administração federal. Marun excluiu desse cenário, porém, o ex-presidente do Supremo Tribunal Joaquim Barbosa, que pode concorrer pelo PSB.
'Afunilamento'
Alckmin defendeu nesta segunda-feira, 23, um "afunilamento" das candidaturas de centro diante do excesso de partidos que já anunciaram nomes para a sucessão presidencial. O tucano disse ser possível uma aproximação do PSDB com partidos que já lançaram concorrentes, mas não citou siglas que poderiam se aliar à sua candidatura.
"Não vou citar partidos, porque essas questões não dependem de nós, dependem dos partidos. Mas acho que é possível, sim", afirmou Alckmin. "É natural que se reduza o número de candidaturas, que se busque entendimento em torno de um projeto para o Brasil."
A possibilidade de uma aliança entre MDB e PSDB foi discutida no fim de semana, em São Paulo, entre Temer e o ex-prefeito da capital João Doria, pré-candidato tucano ao governo.
O presidente também se reuniu separadamente com Skaf, também pré-candidato ao governo paulista, e com o governador Márcio França (PSB), que vai disputar a reeleição. Parte interessada em um acordo, Doria tenta criar pontes entre o Planalto e Alckmin nesse processo.
"Temos esperança de uma aliança com o MDB em São Paulo. Se isso acontecer, ganhamos a eleição no primeiro turno", afirmou o presidente estadual do PSDB, Pedro Tobias. Segundo a pesquisa Datafolha divulgada na semana passada, Doria é líder nas pesquisas, com 29% das intenções de voto.
Incomodado com a movimentação que pode favorecer Doria, o presidente da Fiesp decidiu antecipar o lançamento oficial de sua pré-candidatura ao governo do Estado para 5 de maio, em Jaguariúna, no interior paulista. Interlocutores de Alckmin dizem que o tucano estaria disposto a abrir um canal de diálogo direto com Temer, mas avaliam que há hoje uma divisão no MDB.
Parte da legenda ainda aposta na candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (mais informações nesta página), enquanto os líderes regionais preferem uma alternativa mais consistente para evitar uma redução da bancada na Câmara.
DEM
Parlamentares e líderes regionais do DEM admitem reservadamente que a pré-candidatura presidencial do deputado Rodrigo Maia (RJ) será mantida até a ultima semana de junho ou a primeira de julho. Após esse prazo, ele só continuará na disputa se tiver um "salto extraordinário" nas pesquisas de intenção de voto, o que é considerado improvável.
Na mais recente pesquisa Datafolha, Maia aparece com 1% das intenções de voto. O bom desempenho do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, que chegou a 10% no cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - condenado e preso na Lava Jato -, causou apreensão no DEM.
Deputados e dirigentes temem que a aposta em Maia isole o partido na disputa presidencial, efeito que se repetiria nos Estados. Se Maia concorrer, o palanque eletrônico do DEM estaria amarrado a ele nas disputas regionais. Os recursos do Fundo Partidário também seriam drenados pelo caixa da campanha presidencial.
A estratégia do DEM é deixar Maia nos holofotes até o período das convenções partidárias. Com isso, a legenda manteria alto o cacife para negociar os palanques regionais e indicar um candidato a vice na chapa mais competitiva do centro que, por ora, é a do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). No partido o nome mais citado como potencial vice do paulista é o ex-ministro da Educação Mendonça Filho (PE). Procurado pela reportagem, Maia afirmou desconhecer qualquer movimento interno para tirá-lo da disputa.
"Não estou sabendo disso. Aliás, estou vendo ninguém interessado em apoiar o PSDB", disse o presidente da Câmara. A cúpula tucana vai esperar até maio para negociar com o DEM.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.