Brasil

Sindiveg deve recorrer de decisão que suspende agroquímicos

O glifosato, herbicida muito aplicado em plantações de soja e milho, teve o uso suspenso no Brasil por uma decisão judicial na semana passada

Agroquímicos: a OMS classificou em 2015 o glifosato como "provavelmente cancerígeno para humanos" (Thinkstock/Thinkstock)

Agroquímicos: a OMS classificou em 2015 o glifosato como "provavelmente cancerígeno para humanos" (Thinkstock/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 8 de agosto de 2018 às 21h00.

São Paulo - As empresas brasileiras de agroquímicos planejam recorrer de uma decisão judicial que suspende o uso do herbicida glifosato, o mais vendido no país, um dos maiores produtores de grãos do mundo, disse uma representante do setor nesta quarta-feira.

O glifosato, um herbicida muito aplicado em plantações de soja e milho, além de outras culturas geneticamente modificadas para tolerá-lo, teve o uso suspenso no Brasil por uma decisão judicial na semana passada, até que o governo reavalie sua toxicidade.

Silvia Fagnani, diretora-executiva do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), disse que a entidade entrará com um recurso na semana que vem.

Ela também disse que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), assim como o Ministério da Agricultura, também entrarão com recursos à parte contra a decisão que suspende o glifosato e outros dois químicos usados na produção agrícola.

A Anvisa, que começou a reavaliação do glifosato, do inseticida abamectina e do fungicida tiram em 2008, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. O ministério confirmou a intenção de entrar com recurso em comunicado enviado à Reuters.

A reavaliação toxicológica dos agroquímicos começou quando surgiram novas evidências de que o glifosato e os outros dois químicos "poderiam representar um perigo ou risco à saúde humana", segundo documentos em referência ao processo da Anvisa.

A Monsanto, agora controlada pela Bayer, é o maior vendedor de produtos contendo glifosato no Brasil.

A decisão contra o produto foi tomada na semana passada pela juíza federal substituta da 7ª Vara do Distrito Federal, Luciana Raquel Tolentino de Moura, que determinou que a União suspenda, no prazo de 30 dias, o registro de todos os agroquímicos que contenham glifosato, abamectina e tiram até que a Anvisa conclua os procedimentos de reavaliação.

Fagani disse que o glifosato é seguro e autorizado em muitos países. Ela acrescentou que as vendas e o uso comercial dos produtos devem continuar até que o Ministério de Agricultura, responsável pelo registro de agroquímicos, publique oficialmente uma decisão sobre o assunto.

A Organização Mundial da Saúde classificou em 2015 o glifosato como "provavelmente cancerígeno para humanos."

Uma maioria qualificada de países integrantes da União Europeia decidiu reautorizar o glifosato no ano passado.

No mês passado, um juíz federal nos Estados Unidos determinou que centenas de processos contra a Monsanto movidos por sobreviventes de câncer ou das famílias de falecidos poderão ir a julgamento.

"Todo o sistema de plantio direto tem base no glifosato, e (suspendê-lo) seria um gigantesco revés para o meio-ambiente", disse o ministro da Agricultura brasileiro, Blairo Maggi.

(Por Ana Mano; edição de Roberto Samora e Luciano Costa)

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