Silvinei Vasques: ex-diretor da PRF é preso após tentar fugir para o Paraguai. (Divulgação/Direção Nacional de Migração do Paraguai)
Repórter
Publicado em 27 de dezembro de 2025 às 08h44.
Condenado a 24 anos e seis meses de prisão por participação na tentativa de golpe de Estado, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques foi preso na quinta-feira, 18, no Aeroporto Internacional de Assunção, no Paraguai, ao tentar fugir do Brasil.
Ele planejava embarcar para El Salvador usando documentos falsos e havia violado a tornozeleira eletrônica determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A prisão ocorreu dez dias após a condenação pelo STF. Silvinei integrava o chamado “núcleo dois” da trama golpista, responsável por usar a máquina pública para interferir nas eleições de 2022 e manter o então presidente Jair Bolsonaro no poder.
Após a detenção, ele foi entregue à Polícia Federal na noite de quinta-feira, depois de ser levado de carro pelas autoridades paraguaias até Ciudad del Este, na fronteira com o Brasil.
A prisão preventiva foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes após a confirmação da tentativa de fuga internacional.Segundo a investigação da Polícia Federal, o plano de fuga começou na noite de 24 de dezembro, véspera de Natal. Câmeras de segurança do prédio onde Silvinei mora, em São José, na Região Metropolitana de Florianópolis, registraram sua saída por volta das 19h.
As imagens mostram Silvinei carregando um carro Polo prata com bolsas, que, segundo os investigadores, “não eram malas”. No banco do passageiro, havia sacos de ração, tapete higiênico, um pote e um cachorro aparentando ser da raça pitbull. Ele vestia calça de moletom preta, camiseta cinza e boné preto.
A PF identificou que o veículo era alugado, apesar de Silvinei possuir carro próprio, que continuava circulando pela Grande Florianópolis. A tornozeleira eletrônica deixou de emitir sinal de GPS por volta das 3h do dia 25 e, em seguida, parou de transmitir dados de GPRS, possivelmente por falta de bateria.
A fuga só foi percebida horas depois, quando agentes da Polícia Penal e da Polícia Federal foram até o endereço do ex-diretor da PRF e não obtiveram resposta.Quando as autoridades brasileiras identificaram a tentativa de fuga, a PF acionou a adidância no Paraguai, que avisou a polícia local. Silvinei já seguia para o aeroporto internacional de Assunção.
No momento da prisão, ele portava um passaporte paraguaio válido, mas com foto, nome e dados de outra pessoa. O documento estava em nome de Julio Eduardo Baez Fernandez, nascido em 1981, em “Puerto Presidente Stroessner”, antigo nome de Ciudad del Este. A biometria não correspondia à do portador, o que levou à detenção imediata no setor de imigração.
Silvinei tinha passagem para El Salvador, com escala no Panamá. Ao tentar embarcar, vestia camiseta verde, calça jeans e óculos de aro preto. A tornozeleira eletrônica violada não foi localizada.
Segundo o diretor de Migrações do Paraguai, Jorge Kronawetter, Silvinei foi expulso do país por ingresso irregular e entregue ao Brasil, já que não havia mandado de prisão vigente no território paraguaio.
Além dos documentos falsos, Silvinei levava uma carta escrita em espanhol alegando que tinha câncer cerebral e não conseguia se comunicar verbalmente nem compreender instruções orais. O texto mencionava um suposto diagnóstico de Glioblastoma Multiforme em estágio avançado.
Antes da tentativa de fuga, Silvinei havia sido preso em agosto de 2023 por ordenar bloqueios da PRF no segundo turno das eleições de 2022, com o objetivo de dificultar o deslocamento de eleitores no Nordeste. Em agosto de 2024, ele foi solto por decisão do STF, que substituiu a prisão por medidas cautelares, incluindo tornozeleira eletrônica e cancelamento de passaportes.
A tentativa de fuga levou o Supremo a restabelecer a prisão preventiva do ex-diretor da PRF.Silvinei ingressou na PRF em 1995 e construiu carreira de 27 anos na corporação, chegando ao cargo máximo durante o governo Bolsonaro. Aposentou-se voluntariamente em dezembro de 2022, com salário integral, logo após as eleições.
*Com informações do O Globo