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Seria uma covardia não ser candidato, diz Temer a revista

Apesar da disposição de entrar na corrida presidencial, Temer tem registrado baixos índices de popularidade

Michel Temer: "É natural que quem preside a nação dispute a eleição" (Adriano Machado/Reuters)

Michel Temer: "É natural que quem preside a nação dispute a eleição" (Adriano Machado/Reuters)

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Reuters

Publicado em 23 de março de 2018 às 17h04.

Última atualização em 23 de março de 2018 às 18h38.

O presidente Michel Temer disse em entrevista divulgada pela revista IstoÉ, em seu site, nesta sexta-feira que seria uma "covardia" não disputar a eleição para a Presidência da República em outubro.

"É natural que quem preside a nação dispute a eleição. Eu até ouvi recentemente alguém me dizer que não disputar a reeleição seria uma covardia. Que eu teria me acovardado. Governar por dois anos e meio e não disputar a reeleição. O que seria um fato ímpar no país. Desde que foi criada a reeleição, todos disputaram", disse o presidente, de acordo com a revista.

Indagado sobre se também sentia que não entrar na disputa seria uma covardia, Temer respondeu, de acordo com a IstoÉ: "Seria. Acho que seria uma covardia não ser candidato."

O Palácio do Planalto confirmou à Reuters o conteúdo da entrevista publicada pela IstoÉ.

Mais cedo nesta sexta, Temer, que nos últimos dias já havia admitido avaliar a possibilidade de disputar a Presidência, disse ao inaugurar uma obra de irrigação no interior da Bahia que governa em conjunto com o Congresso Nacional, mas especialmente com o povo e ouvindo a sociedade.

"Em primeiro lugar, é um governo que diz assim 'nós temos que governar junto com o Congresso Nacional', nós temos que trabalhar junto com o Congresso Nacional, mas, especialmente, temos que trabalhar com o povo, ouvindo a sociedade", disse o presidente.

"Portanto é um governo integrado com o povo brasileiro, com o povo dessa região", completou.

Apesar da disposição de entrar na corrida presidencial, Temer tem registrado baixos índices de popularidade assim como não passa dos cerca de 1 por cento nas pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial de outubro.

Pesquisa do instituto MDA para a Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgada no início do mês apontou que a avaliação ruim/péssima do governo Temer é de 73,3 por cento. Ainda de acordo com o levantamento, o percentual dos que desaprovam o desempenho pessoal do presidente é de 83,6 por cento.

A pesquisa eleitoral do CNT/MDA mostrou ainda que Temer é o campeão de rejeição entre os possíveis postulantes ao Planalto. Quando perguntados sobre a possibilidade de votar no presidente, 88,0 por cento responderam que não votariam nele de jeito nenhum.

Sem divulgação de sigilo

Na entrevista, Temer disse ainda que recuou da decisão de abrir seu sigilo bancário à imprensa após a decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar a quebra do sigilo no inquérito em que o presidente é investigado por suspeita de ter editado um decreto que alterou regras do setor portuário para beneficiar a empresa Rodrimar.

"Pensei em abrir (o sigilo). Mas houve a consideração de que teria que mandar para mais de 300 blogs e cada um usaria aquilo da forma que quisesse. Então, quando vierem as contas para o chamado 'processo sigiloso', porque não há processo sigiloso nenhum, quando chegar lá, vai vazar e as pessoas terão acesso", disse o presidente à revista.

No início deste mês, após a divulgação de que Barroso determinara a quebra do sigilo do presidente, o Palácio do Planalto divulgou nota afirmando que Temer não tinha nada a esconder e que divulgaria seus extratos bancários à imprensa.

"O presidente Michel Temer solicitará ao Banco Central os extratos de suas contas bancárias referentes ao período mencionado hoje no despacho do eminente ministro Luís Roberto Barroso. E dará à imprensa total acesso a esses documentos. O presidente não tem nenhuma preocupação com as informações constantes em suas contas bancárias", afirmou o Planalto em nota oficial na ocasião.

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