Serenidade e indignação se misturam durante velório no RS
Muitos alternam os momentos em que velam os corpos com o trabalho de voluntariado
Da Redação
Publicado em 28 de janeiro de 2013 às 09h37.
Santa Maria - Aos poucos, o número de caixões no velório coletivo em Santa Maria vai diminuindo. Dos 30 corpos que eram velados ontem à noite no Centro Desportivo Municipal (CDM), 12 ainda permanecem no ginásio e devem seguir para o cemitério municipal da cidade ainda pela manhã.
Uma oração ecumênica foi realizada por volta das 8h, mas as famílias também puderam ter momentos particulares e pequenos cultos individuais. O padre da pastoral universitária de Santa Catarina, William Vianna, esteve no velório e atendeu a cada família que quis a última oração por seus filhos.
“Perguntamos a cada família se gostariam que o padre rezasse e todos aceitaram”, disse. O cenário hoje, na opinião dele, é de mais conformismo. “Achei as pessoas bastante serenas. Não vi ninguém desesperado hoje, sobretudo os pais, que sentem mais”, avaliou o padre.
É difícil encontrar em Santa Maria alguém que não tenha um conhecido, parente ou amigo envolvido na tragédia que deixou ao menos 231 mortos, depois de um incêndio na madrugada de ontem (27) na boate Kiss. Muitos alternam os momentos em que velam os corpos com o trabalho de voluntariado. Cada um contribui como pode, servindo água ou atendendo os parentes que passam mal durante o velório.
“A gente até tenta dormir, estamos cansados, mas não conseguimos pregar o olho. Então, ficamos sabendo que estavam precisando de voluntários aqui e viemos. Melhor que ficar em casa”, diz Thana Barcellos, que perdeu amigos e conhecidos na tragédia e trabalhou durante toda a noite atualizando a lista dos nomes de pessoas que eram veladas no CDM.
Mas, além da consternação, há também o sentimento de indignação. É o caso do vendedor Abilio Carneiro Júnior, que trabalha em uma movimentada loja da cidade e conhecia várias pessoas que estavam sendo veladas esta madrugada. Na opinião dele, a tragédia não foi uma fatalidade. “Foi uma irresponsabilidade, fatalidade não. Uma pessoa fazer um show pirotécnico num ambiente pequeno, fechado? Qualquer um sabe que isso pode provocar um acidente”, analisou.
Além dos conhecidos mortos, Abilio também tem um primo que está internado em Porto Alegre. Segundo ele, o rapaz não estava na boate Kiss na madrugada de sábado, mas foi até o local para tentar ajudar as pessoas quando ficou sabendo do incêndio. Ele se intoxicou com a fumaça e teve de ser internado e removido para a capital.
Em Santa Maria ainda há 80 pessoas internadas, 42 delas em estado grave. Além dessas, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, prevê que algumas pessoas podem ter a situação agravada por pneumonites químicas dentro de mais dois dias. A fumaça tóxica do incêndio pode provocar reações tardias e levar à morte. Por isso, as autoridades pedem que pessoas que estavam no incêndio procurem atendimento imediato caso passem mal.
Santa Maria - Aos poucos, o número de caixões no velório coletivo em Santa Maria vai diminuindo. Dos 30 corpos que eram velados ontem à noite no Centro Desportivo Municipal (CDM), 12 ainda permanecem no ginásio e devem seguir para o cemitério municipal da cidade ainda pela manhã.
Uma oração ecumênica foi realizada por volta das 8h, mas as famílias também puderam ter momentos particulares e pequenos cultos individuais. O padre da pastoral universitária de Santa Catarina, William Vianna, esteve no velório e atendeu a cada família que quis a última oração por seus filhos.
“Perguntamos a cada família se gostariam que o padre rezasse e todos aceitaram”, disse. O cenário hoje, na opinião dele, é de mais conformismo. “Achei as pessoas bastante serenas. Não vi ninguém desesperado hoje, sobretudo os pais, que sentem mais”, avaliou o padre.
É difícil encontrar em Santa Maria alguém que não tenha um conhecido, parente ou amigo envolvido na tragédia que deixou ao menos 231 mortos, depois de um incêndio na madrugada de ontem (27) na boate Kiss. Muitos alternam os momentos em que velam os corpos com o trabalho de voluntariado. Cada um contribui como pode, servindo água ou atendendo os parentes que passam mal durante o velório.
“A gente até tenta dormir, estamos cansados, mas não conseguimos pregar o olho. Então, ficamos sabendo que estavam precisando de voluntários aqui e viemos. Melhor que ficar em casa”, diz Thana Barcellos, que perdeu amigos e conhecidos na tragédia e trabalhou durante toda a noite atualizando a lista dos nomes de pessoas que eram veladas no CDM.
Mas, além da consternação, há também o sentimento de indignação. É o caso do vendedor Abilio Carneiro Júnior, que trabalha em uma movimentada loja da cidade e conhecia várias pessoas que estavam sendo veladas esta madrugada. Na opinião dele, a tragédia não foi uma fatalidade. “Foi uma irresponsabilidade, fatalidade não. Uma pessoa fazer um show pirotécnico num ambiente pequeno, fechado? Qualquer um sabe que isso pode provocar um acidente”, analisou.
Além dos conhecidos mortos, Abilio também tem um primo que está internado em Porto Alegre. Segundo ele, o rapaz não estava na boate Kiss na madrugada de sábado, mas foi até o local para tentar ajudar as pessoas quando ficou sabendo do incêndio. Ele se intoxicou com a fumaça e teve de ser internado e removido para a capital.
Em Santa Maria ainda há 80 pessoas internadas, 42 delas em estado grave. Além dessas, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, prevê que algumas pessoas podem ter a situação agravada por pneumonites químicas dentro de mais dois dias. A fumaça tóxica do incêndio pode provocar reações tardias e levar à morte. Por isso, as autoridades pedem que pessoas que estavam no incêndio procurem atendimento imediato caso passem mal.