Brasil

Senado pode votar novo DPVAT e liberação de R$ 15,7 bi para o governo; saiba o que está em jogo

A proposta prevê que o tributo passará a se chamar SPVAT e será cobrado dos proprietários de automóveis novos e usados para pagar as indenizações por acidentes

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 8 de maio de 2024 às 07h40.

O plenário do Senado deve votar nesta quarta-feira, 8, o projeto de lei que cria um novo seguro obrigatório de veículos terrestres, conhecido como DPVAT . A proposta prevê que o tributo passará a se chamar SPVAT e será cobrado dos proprietários de automóveis novos e usados para pagar as indenizações por acidentes. A cobrança foi extinta durante a gestão Jair Bolsonaro, em 2020.

O projeto foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa na terça-feira, 7, por 15 votos a 11. A votação da matéria estava na pauta do plenário ontem, mas foi adiada pela decisão do Senado em votar exclusivamente o decreto legislativo de calamidade pública do Rio Grande do Sul (PDL 236/2024). 

Enviado pelo governo, a medida sobre as novas regras do DPVAT foi aprovado na Câmara dos Deputados em 9 de abril. O relator, senador Jaques Wagner (PT-BA), que é líder do governo no Senado, apresentou relatório favorável.

O PLP 233/2023 recebeu 27 emendas na CCJ. O senador Jaques Wagner acatou apenas uma delas, de redação, proposta pelos senadores Marcos do Val (Podemos-ES) e Rogério Carvalho (PT-SE).

A alteração deixa claro que o cônjuge e os herdeiros da vítima devem receber indenização por morte e reembolso de despesas com serviços funerários. A vítima recebe as demais coberturas: invalidez permanente e reembolso por despesas com fisioterapia, medicamentos, equipamentos ortopédicos, órteses, próteses e reabilitação profissional.

Novo do DPVAT

Desde 2021, a Caixa opera de forma emergencial o seguro obrigatório após a dissolução do consórcio de seguradoras privadas que administravam o DPVAT. Os recursos arrecadados nos últimos anos foram suficientes para pagar os pedidos até novembro do ano passado.

Por isso, o governo federal suspendeu os pagamentos do seguro no início deste ano por falta de dinheiro, e enviou um projeto de lei complementar ao Congresso para recriar a cobrança do seguro.

Na justificativa do projeto de lei, a União afirmou que após três anos do funcionamento diferenciado do seguro obrigatório, é necessário "estabelecer novas bases legais para assegurar de forma perene e sustentável e adequada para as vítimas de trânsito".

Para ter força de lei e voltar a ser cobrado dos motoristas, o projeto ainda terá que ser aprovado pelo plenário do Senado e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Flexibilização do arcabouço fiscal

Dentro do projeto, foi incluído uma emenda que altera o arcabouço fiscal, aprovado no ano passado pelo Congresso.

A mudança permite que o governo antecipe do segundo bimestre para o primeiro bimestre de 2024 a possibilidade de o Executivo abrir crédito suplementar permitido na lei em razão de crescimento adicional da receita deste ano em relação ao mesmo período de 2023.

Na prática, o texto permite o aumento de despesa em 2024 no montante em torno deR$ 15,4 bilhões.

Esse valor corresponde à diferença entre o crescimento máximo da despesa (equivalente a 2,5% do crescimento real da receita do ano anterior) e o crescimento previsto no Orçamento deste ano (equivalente a 1,7% do crescimento real dessa mesma receita).

Como mostrou a EXAME, o mercado financeiro viu a alteração abala a credibilidade da âncora fiscal e aumenta os ruídos na política fiscal no curto e médio prazo. 

Acompanhe tudo sobre:setor-de-seguros

Mais de Brasil

Cidade do Maranhão decreta calamidade pública por conta de voçorocas

Criminosos de fuzis atacam delegacia em Duque de Caxias após prisão de chefe do tráfico

No Planalto, clima é de desânimo após resultado do Datafolha; 8 pontos explicam reprovação recorde

Avião de pequeno porte cai e mata duas pessoas no interior de São Paulo