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Seminário discute políticas públicas implementadas nas UPPs

Para a professora de política pública da FGV, Sônia Fleury, a política de pacificação, que é para ser um processo de paz e não de guerra, não poderia ser apenas a UPP

Inauguração da UPP no Morro dos Macacos: objetivo é formar vínculo com a comunidade (Marcello Casal Jr/AGÊNCIA BRASIL)

Inauguração da UPP no Morro dos Macacos: objetivo é formar vínculo com a comunidade (Marcello Casal Jr/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2012 às 20h01.

Rio de Janeiro - A Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (Ebape), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), realiza de hoje (26) e amanhã (27) o Seminário Favela é Cidade para avaliar as políticas públicas implementadas nas unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio do ponto de vista dos moradores das cerca de 20 comunidades que contam com o projeto. O evento ocorre no Morro Santa Marta, em Botafogo, na zona sul do Rio, e tem a parceria do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase).

Com o tema As UPPs, A Proposta de Pacificação e A População do Rio de Janeiro, o seminário tem debates entre pesquisadores, estudiosos e população. A primeira mesa do evento abordou os assuntos cidadania, políticas públicas e mercado. À tarde, a discussão foi sobre a relação entre sociabilidade juvenil e a polícia. Amanhã, será discutido o associativismo nas comunidades, terminando com uma roda de conversa entre lideranças comunitárias.

Para a professora de política pública da FGV, Sônia Fleury, a política de pacificação, que é para ser um processo de paz e não de guerra, não poderia ser apenas a UPP. “Isso aqui é ocupação territorial, e é para ser, para acabar com o tráfico. Mas era preciso o Estado ter fortalecido a área de saúde, educação e direitos básicos de cidadania. Tem que ter políticas publicas e não só projetos, projetos e projetos”, disse a professora.

Para Sônia, as políticas públicas estão fragmentando as comunidades há alguns anos, reduzindo a importância das associações. Ela disse que essas políticas tratam cada favela separadamente, mas, na verdade, os problemas são comuns: a especulação imobiliária, a “remoção branca” (expulsão dos moradores pela elevação do custo de vida), a falta de diálogo com os jovens, a abordagem policial, entre outros.

“Está sendo feito um crescimento exacerbado do mercado e muita pouca proteção à cidadania. A pergunta que fazemos é: o mercado subiu a favela, a cidadania vai ter que descer? Se o Estado não protegê-la [a cidadania], vai”, disse a professora.

De acordo com o coordenador do Coletivo de Estudos sobre Violência e Sociabilidade, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Luiz Antonio Machado, as UPPs têm sido responsáveis por uma redistribuição do poder interno nas favelas, que altera a relação das comunidades com a cidade.

“Os moradores de favela têm tido pouco espaço na mídia para vocalizar suas queixas e defesas das UPPs, que poderiam ser um passo melhor do que são se efetivamente incorporassem as opiniões dos moradores de uma forma mais orgânica e sistemática. Se há dialogo, ele é do governo com os empresários e a classe média. Nossa intenção é trazer a voz pública dessas pessoas”, disse Machado.

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