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“Sem Lula, chance de Alckmin aumenta”, diz Garman, da Eurasia

Condenado na segunda instância, candidatura de Lula à presidência pode ser barrada pela Lei da Ficha Limpa

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo, após resultado no TRF4, dia 24/01/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo, após resultado no TRF4, dia 24/01/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 25 de janeiro de 2018 às 06h35.

Última atualização em 25 de janeiro de 2018 às 10h27.

São Paulo — Um horizonte eleitoral sem a figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no páreo eleva as chances do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), chegar ao segundo turno das eleições presidenciais em outubro. É o que afirma Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas da consultoria de análise política e econômica Eurasia, ao site EXAME.

A lógica de Garman é que, uma vez na disputa, Lula – que hoje detém cerca de 35% das intenções de voto — certamente estaria no segundo turno. Logo, todos os demais candidatos teriam que digladiar entre si por apenas uma vaga na etapa final das eleições.

A eventual impugnação da candidatura do petista reduziria essa competição. Sem ele, as duas vagas do segundo turno estariam em aberto. “A saída do Lula aumenta a probabilidade de vitória de um candidato de centro com condições de entregar uma reforma fiscal”, afirma. No momento, o candidato tucano é o nome mais forte para esse posto – mesmo pontuando no máximo 7% nas pesquisas de intenção de voto.

Nesta quarta-feira (24), o ex-presidente foi condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Pela Lei da Ficha Limpa, ele já estaria barrado para concorrer ao pleito. Segundo a Eurasia, com a decisão, as chances de Lula participar das eleições de 2018 diminuíram para 30% já que ainda cabe recurso em instâncias superiores.

A expectativa é que o PT lute ao máximo para garantir o nome dele nas urnas em outubro – ou no mínimo, fazer de tudo para potencializar seu espólio político.

Na manhã desta quinta-feira, a Executiva Nacional do PT se reúne em São Paulo para reafirmar a candidatura do ex-presidente.

“Se pensam que história termina com a decisão de hoje [24], estão muito enganados, porque não nos rendemos diante da injustiça”, afirmou a senadora Gleisi Hoffman, presidente nacional do partido, em nota.

Além de todos os recursos que ainda cabem sobre o caso do triplex, o PT ainda poderia registrar a candidatura de Lula entre 20 de julho e 15 de agosto. O processo de impugnação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) só seria aberto depois que a candidatura fosse questionada na Justiça Eleitoral. Enquanto o processo é julgado, Lula poderia fazer campanha. Se sua candidatura for barrada pelo TSE, o PT teria até o dia 17 de setembro para apresentar um novo candidato.

“A estratégia mais racional para o PT seria mantê-lo o máximo possível na disputa, encaminhar essa narrativa de vítima de uma elite econômica e política para poder fazer essa troca de candidatos com o auge de capital político e de popularidade do Lula”, diz Garman.

Isso não significa, contudo, que o eventual substituto herdará todo potencial dessa narrativa. No máximo, segundo Garman, ele pontuaria 15% dos votos no primeiro turno. Depois do novo candidato do PT, Ciro Gomes, que é pré-candidato do PDT, é quem mais se beneficiaria pela transferência do espólio lulista — o que explica seu apoio quase condescendente à narrativa petista.

 

 

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