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Sem estádios, Fifa ainda não sabe quantos ingressos venderá

Atrasos impedem a Fifa de saber quantos ingressos poderá vender no total para a Copa do Mundo

Operários são vistos na parte de cima da estrutura do Estádio Arena Amazônia, um dos estádios da Copa do Mundo de 2014, em Manaus (Bruno Kelly/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 24 de abril de 2014 às 20h25.

Rio de Janeio - O atraso na conclusão de estádios para a Copa do Mundo impede a Fifa de saber quantos ingressos poderá vender no total para a competição, a menos de cinquenta dias da partida de abertura do Mundial.

Mesmo para o jogo inaugural da Copa, entre Brasil e Croácia, em São Paulo, no dia 12 de junho, ainda não foi definido o número exato de ingressos, uma vez que não se sabe quantas cadeiras serão instaladas na Arena Corinthians, que segue em obras, disse nesta quinta-feira o diretor de Marketing da entidade, Thierry Weil.

"Guardamos sete por cento de contingência de ingressos até o dia que a gente puder realmente saber quantos assentos estarão disponíveis, e então saberemos exatamente quantos ingressos nós temos", disse Weil a jornalistas em entrevista coletiva em um hotel do Rio de Janeiro.

"Não podemos dizer exatamente o número total de ingressos porque não sabemos qual será o número exato de assentos nos estádios", acrescentou.

Segundo o dirigente, a definição exata da quantidade de ingressos é um dos motivos pelos quais a Fifa estabeleceu dezembro de 2013 como prazo para a conclusão de todos os 12 estádios para o Mundial, o que não aconteceu.

A 49 dias da abertura da Copa, os estádios de Curitiba, São Paulo e Cuiabá ainda correm contra o tempo para colocar cadeiras e terminar obras dentro e no entorno.

São Paulo - Embora a construção ou a reforma de estádios para a Copa do Mundo seja encarada como um dos legados que o Mundial deixará para o país, é inegável que as 12 arenas só estão prontas (ou quase) agora por causa do grande evento de junho. Não fosse isso, sabe-se lá quando o Brasil teria estádios modernos - cujos projetos foram feitos, aliás, de forma a atender ao padrão Fifa, que determina, entre outras coisas, o tamanho mínimo daqueles que podem ser palco de jogos especiais, como a abertura e a final.A partir destas considerações, EXAME.com levantou o custo das obras e dividiu pelo número total de jogos que cada estádio vai receber daqui a cerca de três meses. Chega-se, assim, às partidas mais caras da Copa.Sob esta perspectiva, cada jogo no Mané Garrincha, em Brasília , sairá por R 200 milhões.É preciso considerar que esta conta por jogo não inclui nenhum outro gasto além dos colocados diretamente nos estádios. Somados, o custo de todos eles ultrapassou R$ 8 bilhões, mas nem tudo é verba pública.Especialistas temem que alguns dos estádios se tornem elefantes brancos após a Copa, principalmente em lugares sem tradição futebolística. O governo defende, porém, que eles são agora arenas multiuso e que serão economicamente viáveis ao receber, além de jogos de futebol , shows e eventos.  O Mané Garrincha, por exemplo, já recebeu 5 eventos (3 shows internacionais entre eles) desde que foi inaugurado em maio de 2013 (além das partidas de futebol). Atualizado dia 11/3, às 11h45
  • 2. 1º Mané Garrincha (Brasília) - R$ 200 milhões por jogo

    2 /13(Dean Mouhtaropoulos/Getty Images)

  • Veja também

    Custo do estádio: R$ 1,4 bilhão Número de jogos: 7 (incluindo um nas oitavas, semi final e disputa pelo 3º lugar) Jogos da 1ª fase: Suíça x Equador, Colômbia x Costa do Marfim, Camarões x Brasil, Portugal x Gana.
  • 3. 2º Maracanã (Rio de Janeiro) - R$ 170 milhões por jogo

    3 /13(Tânia Rego/ABr)

  • Custo do estádio: R$ 1,19 bilhão Número de jogos: 7 jogos (incluindo um nas oitavas, semi-final e a grande final) Jogos da 1ª fase: Argentina x Bósnia e Herzegovina, Espanha x Chile, Bélgica x Rússia, Equador x França
  • 4. 3º Arena da Amazônia (Manaus) - R$ 167,3 milhões por jogo

    4 /13(REUTERS/Bruno Kelly)

    Custo do estádio: R$ 669,5 milhões Número de jogos: 4 (todos na primeira fase) Jogos da 1ª fase: Inglaterra x Itália, Camarões x Croácia, EUA x Portugal, Honduras x Suiça
  • 5. 4º Arena Pantanal (Cuiabá) - R$ 142,5 milhões

    5 /13(REUTERS/Stringer)

    Custo do estádio: R$ 570 milhões Número de jogos: 4 (todos na primeira fase) Jogos da 1ª fase: Chile x Austrália, Rússia x Coréia do Sul, Nigéria x Bósnia e Herzegovina, Japão x Colômbia.
  • 6. 5º Arena Corinthians (São Paulo) - R$ 136,6 milhões por jogo

    6 /13(Divulgação/ Odebrecht)

    Custo do estádio: R$ 820 milhões Número de jogos: 6 (incluindo um nas oitavas e uma semi-final) Jogos da 1ª fase: Brasil x Croácia, Uruguai x Inglaterra, Holanda x Chile, Coréia do Sul x Bélgica
  • 7. 7º Arena Pernambuco (Recife) - R$ 106,5 milhões por jogo

    7 /13(REUTERS/Ricardo Moraes)

    Custo do estádio: 532,6 milhões Número de jogos: 5 (incluindo uma oitava de final) Jogos da 1ª fase: Costa do Marfim x Japão, Itália x Costa Rica, Croácia x México, EUA x Alemanha.
  • 8. 8º Arena das Dunas (Natal) - R$ 100 milhões por jogo

    8 /13(Portal da Copa)

    Custo do estádio: R$ 400 milhões Número de jogos: 4 (todos na primeira fase) Jogos da 1ª fase: México x Camarões, Gana x EUA, Japão x Grécia, Itália x Uruguai
  • 9. 9º Arena Fonte Nova (Salvador) - R$ 98,6 milhões por jogo

    9 /13(Governo Federal/Portal da Copa)

    Custo do estádio: R$ 591,7 milhões Número de jogos: 6 (incluindo um nas oitavas e um nas quartas-de-final) Jogos da 1ª fase: Espanha x Holanda, Alemanha x Portugal, Suiça x França, Bósnia e Herzegovina x Irã
  • 10. 10º Arena Castelão (Fortaleza) - R$ 96,4 milhões por jogo

    10 /13(Danilo Borges/Portal da Copa)

    Custo do estádio: R$ 518,6 milhões Número de jogos:6 (incluindo um nas oitavas e um nas quartas-de-final) Jogos da 1ª fase: Uruguai x Costa Rica, Brasil x México, Alemanha x Gana, Grécia x Costa do Marfim.
  • 11. 11º Arena da Baixada (Curitiba) - R$ 82,5 milhões por jogo

    11 /13(Divulgação/ CAP)

    Custo do estádio: R$ 330 milhões Número de jogos: 4 (todos na primeira fase) Jogos da 1ª fase: Irã x Nigéria, Honduras x Equador, Austrália x Espanha, Argélia x Rússia.
  • 12. 12º Beira-Rio (Porto Alegre) - R$ 66 milhões por jogo

    12 /13(Evandro Oliveira/PMPA)

    Custo do estádio:R$ 330 milhõesNúmero de jogos: 5 (incluindo um das oitavas de final)Jogos da 1ª fase: França x Honduras, Austrália x Holanda, Coréia do Sul x Argélia, Nigéria x Argentina
  • 13. Veja agora quais são os estádios da Copa que mais utilizaram recursos públicos

    13 /13(Divulgação/ Consórcio Maracanã 2014)


  • Por conta desse atraso, a Fifa precisou manter a contingência de ingressos por um período mais longo do que o esperado. Somente em meados de maio a entidade espera ter finalmente definido o número de cadeiras em todos os estádios, e a partir de então mais ingressos serão colocados à venda.

    "Em algum ponto em maio haverá ingressos de volta à venda com base na conclusão dos estádios. Está apenas atrasando", disse Wiel, acrescentando que mesmo o jogo de abertura, que está esgotado no momento, terá mais ingressos à venda.

    Além da impossibilidade de definir o número exato de ingressos, o atraso na conclusão das arenas do Mundial causa problemas para a Fifa testar a infraestrutura necessária para o funcionamento dos estádios, segundo o dirigente.

    "Nós precisamos testar tudo, as comunicações, luzes, cabos e todas as coisas que precisam funcionar nos estádios, e infelizmente não poderemos testar nesses estádios. Nós adoraríamos testar esse tipo de coisa e depois ter tempo de reagir a eventuais problemas, mas teremos de acelerar os processos", disse.

    Até o momento a Fifa já vendeu mais de 2,7 milhões de ingressos para o Mundial, sendo 58 por cento para torcedores residentes no Brasil. Há cerca de 200 mil ingressos à venda para o público em geral no momento.

    Entre o total de ingressos vendidos, 1,7 milhão foi comprado diretamente por torcedores através do site da Fifa, o que representa um aumento de quase 400 mil ingressos em relação ao Mundial de 2006, na Alemanha, que até então tinha o recorde de ingressos vendidos diretamente para os torcedores.

    Wiel reconheceu que houve discussões entre parceiros comerciais da Fifa a respeito dos protestos ocorridos durante a Copa das Confederações do ano passado, mas garantiu que nenhum patrocinador desistiu ou reduziu os planos para o Mundial, o que se refletiu no número de ingressos vendidos.

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